O MPLA, que por sinal só está no poder em Angola há 33 anos, promete agora – nomeadamente pela voz daquele que é seu presidente às segundas, quartas e sextas (às terças, quintas e sábados é presidente da República) – melhorar a qualidade de vida dos angolanos.
Não vejo em que é que MPLA precise de melhorar a qualidade de vida dos 68% de angolanos que vivem na miséria. E não vejo porque o partido de Eduardo dos Santos conseguiu um bom desempenho desde que lhe ofereceram o poder, ou seja em 1975.
Ou seja, conseguiu que até agora não exista nem qualidade nem vida e, muito menos, qualidade de vida. No que à maioria do povo respeita, é bom dever. Por alguma razão a Unicef afirma que metade das crianças não frequentam a escola, 45% sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Num documento de 32 páginas, sob o lema "MPLA, Angola a Mudar para Melhor", o partido que está no poder desde 1975, muito pouco tempo como se calcula, abre o seu "Manifesto Eleitoral" com uma foto de grande dimensão do seu líder (às segundas, quartas e sextas) e Presidente da República (às terças, quintas e sábados), José Eduardo dos Santos
Os três primeiros eixos-objectivos com que o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) quer derrotar sexta-feira os seus adversários são: "Melhorar a qualidade de vida dos angolanos; Garantir o crescimento de forma sustentada; Consolidar a estabilidade política e reforçar a democracia".
Como é que se pode melhorar uma coisa que se não tem? Não sei eu nem os que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome. Se calhar, digo eu, o MPLA deveria começar por dar vida aos milhões que não sabem o que isso é para, depois, tentar melhorá-la.
Mas, isso é verdade, se desde 1975 não conseguiu fazer melhor, não será agora que o vai fazer. Aliás, o grande trunfo eleitoral do MPLA (como o de qualquer outra ditadura) é ter 68% de gente com fome (e que por isso pensa com a barriga) e 60% de analfabetos (que em grande parte acreditam que o MPLA saberá em quem vão votar).
Quanto ao crescimento económico, aí acredito que o MPLA está, como sempre esteve, no bom caminho. Que o digam os chulos, nacionais e estrangeiros, que sempre mamaram nas tetas do poder e graças a isso vivem à grande e à MPLA, seja em Luanda, Lisboa, ou noutra qualquer capital.
Consolidar a estabilidade política e reforçar a democracia é algo que, também aqui, é canja para o MPLA. Como diria o velho amigo de Eduardo dos Santos que dá pelo nome de José Sócrates, ou na versão africana Robert Mugabe, tudo isso se consegue dando oportunidade aos adversários para estarem de acordo com quem manda.
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