«Há 16 anos que não existem eleições em Angola e esta falta de hábito democrático não é um tema barato para a opinião pública internacional, portuguesa incluída. Pelo menos 80 jornalistas estrangeiros já obtiveram a acreditação para a cobertura das eleições do próximo dia 5 de Setembro. Mas a polémica está instalada, pois surgem agora indícios de que o governo de Luanda terá dado indicações para que alguns órgãos de comunicação portugueses não tenham autorização para efectuarem a cobertura do escrutínio.
Uma notícia do Público deste sábado dava conta que o jornalista deste diário, assim como os repórteres da Sic, Expresso e Visão não estavam a conseguir acreditação de imprensa para fazer a cobertura destas eleições junto do Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), que é a entidade pública que gere o acesso dos media.
Alguns processos deram entrada no CIAM em Junho, mas os jornalistas não estão a obter respostas aos seus pedidos de acreditação e, nos processos já recusados, não foram dadas quaisquer justificações. Silêncio absoluto.
No caso do colaborador do Público, um correspondente local, a situação é ainda mais caricata, pois este até ficou a saber que nem sequer pode trabalhar para o matutino português porque o jornal «não tem um acordo com o Ministério da Comunicação angolano». Numa altura em que o governo de Luanda propagandeia além-fronteiras a existência de eleições livres, é este cenário de censura da liberdade de imprensa que nos fica.
Chamado a comentar a situação, José Sócrates tentou amenizar o caso, dizendo que tratar-se-ão apenas de atrasos e recusando a imagem de que estaríamos perante uma situação de «bloqueio» premeditado dos media portugueses. «Esperemos que seja apenas isso». Esperemos que sim.»
Texto de Paula Oliveira em:
Nota: Título da responsabilidade do Alto Hama
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