O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse hoje em Luanda que o resultado das eleições legislativas em Angola, em que o partido conseguiu apenas cerca de 10% dos votos, não põe em causa a sua liderança. Se uma humilhação deste tipo não põe em causa o comandante, então é justo que os soldados mudem de exército.
Na abertura da reunião do comité permanente da comissão política da UNITA, Samakuva admitiu que "algumas vozes" acham que, face aos resultados alcançados nas legislativas, o líder do partido devia demitir-se.
"Acreditamos que não está em causa a direcção da UNITA, mas sim a UNITA ela própria, enquanto defensora dos princípios e valores que o regime combate num contexto histórico da luta dos angolanos pela cidadania plena", afirmou Samakuva.
E afirmiu bem. No entanto, se é a própria UNITA (como diz) que está em causa, quem é responsável máximo? Não me digam que é o mais humilde dos militantes. Que eu saiba, a responsabilidade parte de cima. Ou será que, como no MPLA, só é assim em caso de vitória?
E afirmiu bem. No entanto, se é a própria UNITA (como diz) que está em causa, quem é responsável máximo? Não me digam que é o mais humilde dos militantes. Que eu saiba, a responsabilidade parte de cima. Ou será que, como no MPLA, só é assim em caso de vitória?
O líder do partido do "Galo Negro" disse estar "certo que os angolanos se têm identificado mais com as conquistas e valores defendidos pela UNITA, do que com os seus líderes em cada momento". Também é verdade. Mas não chega. Ou a esta UNITA basta ser o primeiro dos últimos?
Isaías Samakuva assume a "plena responsabilidade" pelos resultados alcançados no escrutínio, referindo também não estar em causa a direcção da UNITA, que considera "legitimamente eleita", mas a "subversão do processo democrático e a manipulação da vontade popular" durante as eleições de 5 e 6 de Setembro.
“Legitimamente eleita” não deve significar, digo eu, incólume a erros e punições. E se Samakuva assume a “plena responsabilidade” pela catástrofe deve, deveria, pôr o seu lugar à disposição do partido. Se este o voltar a reconduzir, então sim.
Isaías Samakuva assume a "plena responsabilidade" pelos resultados alcançados no escrutínio, referindo também não estar em causa a direcção da UNITA, que considera "legitimamente eleita", mas a "subversão do processo democrático e a manipulação da vontade popular" durante as eleições de 5 e 6 de Setembro.
“Legitimamente eleita” não deve significar, digo eu, incólume a erros e punições. E se Samakuva assume a “plena responsabilidade” pela catástrofe deve, deveria, pôr o seu lugar à disposição do partido. Se este o voltar a reconduzir, então sim.
Continuar, depois de aceitar os resultados, a culpar o MPLA pelas muitas vigarices que fez, não me parece correcto.
A UNITA perdeu a batalha. Ao contrário de outros tempos, não perdeu os principais generais porque esses estavam em lugares seguros e não em posições sujeitas ao fogo inimigo. Não os perdeu em combate mas deve-os perder nas necessárias mudanças políticas.
Se os não perder, a UNITA prova que alinha na subserviência e não na competência, que advoga a impunidade para quem manda, mesmo que mande mal. E se é isso que defende, não vejo qual é a diferença entre ela e o MPLA.
Ou será que, para manter o status quo, os dirigentes actuais da UNITA não se importam de ser escravos? É que, na minha opinião, os angolanos esperam, ou esperavam, que Samakuva dissesse o que dizia (recordam-se?) o Mais Velho: «Ise okufa, etombo livala» (prefiro a morte à escravatura).
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