domingo, setembro 21, 2008

Falta o MPLA pedir perdão aos angolanos

A UNITA assumiu, no início de 2003, os erros cometidos durante a guerra e pediu perdão. A FNLA já o tinha feito. O MPLA ainda não o fez. Será que alguma vez o fará? Ou, definitivamente, o MPLA só fez coisas boas?

A UNITA pediu desculpa e perdão aos angolanos pela sua participação na guerra civil angolana, assumindo os erros cometidos. Fê-lo, recordam-se?, pela boca do então secretário para os Assuntos Políticos e ex-comandante militar, Abílio Camalata Numa.

No final de 2002, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), através do então secretário-geral, Ngola Kabangu, também pediu perdão.

Os angolanos continuam à espera, digo eu que ainda tenho a mania de que a ética vale alguma coisa, que o MPLA faça o mesmo porque, de facto, na guerra de Angola todos cometeram erros. Todos sem excepção.

"A UNITA fez a guerra e assume muito do que de errado se produziu durante o conflito armado, porque se perderam vidas e ninguém pode pagar uma vida”, afirmou Camalata Numa.

Numa, ex-chefe do Estado-Maior das extintas Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA) assumiu, contudo, que a guerra foi um projecto político de todos na UNITA. Não apenas de Jonas Savimbi.

"Nós queremos uma sociedade mais democrática, justa e foi exactamente isso que nos levou para a guerra. Não foi nenhuma aventura de uma pessoa. Foi um projecto político que levou as pessoas para a guerra", frisou. Lembram-se?

De acordo com o que Numa disse na altura, a UNITA fez uma guerra e teve os seus problemas internos, como tiveram também outros partidos. Cometeu erros, como cometeram todos os outros.

Com a morte de Jonas Savimbi (também ele um angolano, importa não esquecer), em combate no Leste de Angola, em Fevereiro de 2002, foi assinado um memorando de entendimento que levou à cessação das hostilidades no país.

Irá o MPLA também pedir desculpa pelos muitos erros que cometeu? Tudo leva a crer que... não. Muito menos agora que tem mais de 80% dos votos.

O presidente do Governo de Luanda tem aprendido algumas coisas mas, por irreversível defeito de fabrico, continua a não conseguir dar dois passos no mesmo sentido.

Quando todos pensam que, finalmente, José Eduardo dos Santos compreendeu que angolanos são todos, tenham estado nas FAPLA, ELNA ou FALA, o presidente decide dizer que há angolanos de primeira e de segunda.

Na guerra de Angola (como, afinal, em todas as outras) não houve bons e maus. Todos foram maus. Dois deles já pediram desculpas. Falta o terceiro.

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