O MPLA sabe bem escolher quem quer em Angola. Está no poder há 33 anos e, por isso, confunde país com partido, partido com Estado, Estado com a família Eduardo dos Santos. Tudo somado, actua como dono do país.
Actuando assim e tendo a cobertura de muitos países da comunidade internacional, incluindo Portugal, dá-se ao luxo de impedir a entrada de jornalistas que não lhe garantam fidelidade, bem como de escolher os que – dentro da fidelidade – mais fiéis são.
Luís Castro, jornalista enviado da RTP (estação que,tal como a sua congénere angolana, tem de prestar serviço ao Estado) está em Luanda e de lá fala como se Angola se resumisse à capital.
Tem descoberto, o que só revela um aturado trabalho jornalístico, que – entre outras pérolas - “Há muito para contar”, que “Angola está em obras”, que “Maiores bancos portugueses estão em Angola e têm lucros significativos”, que “Milhares de portugueses procuram oportunidades em Angola” e que “Estas são as primeiras eleições em 16 anos”.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 68% da população angolana vive em pobreza extrema e que a taxa estimada de analfabetismo é de 58%.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% da população.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que o silêncio de muitos, ou omissão, se deve à coação e às ameaças do partido que está no poder há 33 anos.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a corrupção política e económica é, hoje como ontem, utilizada contra todos os que querem ser livres.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo nada de substancialmente diferente do que o apresentado pelo Jornal de Angola, pela TPA ou pela RNA.
Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo nada de substancialmente diferente do que o apresentado pelo Jornal de Angola, pela TPA ou pela RNA.
2 comentários:
Olá
O Luis Castro já esteve em Angola noutras ocasiões,e pelo menos numa delas (Cabinda), teve alguns problemas com a secreta.Tive a sorte de descobrir o blog dele, de que lhe dou conhecimento,se é que já não conhecia.
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/
Um abraço e boas postagens.!
Caro Luis Castro tenha dignidade profissional e um pouco de bom senso no teu sensaciolanismo analitico.
Tenho muita pena do grau de intriga barata contra um povo que nada deve a ti e a tua familia.
Mas porque... sempre portugueses querem o que afinal?
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