Angola, Guiné-Bissau e Moçambique são os países lusófonos com as piores taxas de mortalidade infantil e materna e de gravidez na adolescência, segundo o relatório anual das Nações Unidas sobre população, hoje divulgado.
De acordo com o documento do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), intitulado "Situação da população mundial 2008", em cada mil crianças nascidas em Angola, 131 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, a taxa mais elevada entre os países lusófonos e de toda a África Austral. Segue-se a Guiné-Bissau, onde o número de mortes no primeiro ano de vida é de 112 por mil. O indicador mantém-se em Angola e Guiné-Bissau relativamente a 2007, e cresceu em Moçambique, de 92 para 95 mortes por mil crianças.
Nesta área, os três países africanos continuam longe dos índices do grupo de países em desenvolvimento em que se inserem, que é 54 mortes no primeiro ano de vida.
Timor-Leste reduziu a taxa de mortalidade infantil de 82 para 65 óbitos e Cabo Verde, com uma taxa de 23 mortes por mil nascimentos, é o país da África lusófona mais próximo da taxa estimada dos países desenvolvidos (sete em cada mil).
Os mesmos três países africanos lideram na mortalidade materna, apesar de Angola e Moçambique terem registado reduções no número de mortes relacionadas com a gravidez e o parto.
O relatório dá ainda conta de uma redução para quase metade das mortes relacionadas com a maternidade e o parto em Moçambique, passando de 1.000 para 520 mortes por cada 100 mil nascimentos.
Angola reduziu de 1.700 para 1.400 mortes, enquanto a Guiné-Bissau manteve a taxa de mortalidade materna nos 1.100 óbitos.
Nestes países, só entre 39 e 48 por cento dos partos são atendidos por pessoal qualificado, nomeadamente médicos ou parteiras, segundo o relatório.
Timor-Leste e Brasil registaram melhorias na redução da taxa de mortalidade materna, enquanto Cabo Verde piorou.
A Guiné-Bissau tem a maior incidência de gravidez em jovens dos 15 aos 19 anos (189 em cada mil), seguindo-se Angola (138), enquanto Moçambique aumentou relativamente ao ano passado (de 99 para 149) e Timor-Leste diminuiu (de 168 para 54).
Brasil e Cabo Verde mantêm as taxas anteriores, 89 e 83 em cada mil, respectivamente.
O relatório, que este ano é subordinado ao tema "Construindo consenso: Cultura, género e direitos humanos", destaca a utilização "em larga escala" na Guiné-Bissau da Mutilação Genital Feminina (MGF), que afecta 44,5 por cento das jovens e mulheres entre os 15 e os 49 anos.
O UNFPA admite a existência de iniciativas frustradas para acabar com a MGF e aposta numa abordagem que "consiste em engajar a comunidade em discussões sérias sobre direitos humanos", mas refere que frequentemente "esse processo culmina numa decisão colectiva de abandonar a prática".
Relativamente à taxa de prevalência do VIH na população entre os 15 e os 49 anos, o destaque vai para Moçambique, com 10,1 por cento nos homens e 14,9 nas mulheres, contra os 13,0 por cento e 19,2 por cento, respectivamente, em 2007. Segue-se Angola (1,7 por cento e 2,5), Guiné-Bissau (1,5 por cento e 2,2) e Brasil (0,4 por cento e 0,2).
Timor-Leste apresenta taxas de prevalência inferiores a 0,1 por cento e não foram disponibilizados dados sobre Cabo Verde.
A esperança de vida à nascença aumentou nos países lusófonos, embora em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau continue abaixo dos 50 anos.
Timor-Leste, Brasil e Cabo Verde têm uma esperança média de vida entre 60,2 e 68,4 anos para os homens e entre 62 e 76,2 anos para as mulheres. A situação em São Tomé e Príncipe não foi analisada no relatório.
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