quarta-feira, novembro 26, 2008

Muita parra e pouca (Samak)uva

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, mexeu na equipa dirigente, baralhou tudo e voltou a dar para, presume-se, dar um novo dinamismo à máquina partidária. Presume-se.

Ninguém melhor, penso, do que Samakuva para saber se a UNITA vai conseguir viver sem comer. Temo que, apesar da muita experiência, um dia destes se venha dizer, venha o MPLA dizer, que exactamente quando estava mesmo, mesmo a saber viver sem comer, a UNITA morreu.

Das muitas modificações que me parecem reflectir muita parra e pouca uva, Samakuva nomeou o ex-ministro da Saúde, Anastácio Ruben Sikato, para o cargo de Secretário Nacional dos Recurso Humanos em substituição de Vicente Tembo Zuanga.

Neste caso, até pelas longas e profícuas provas dadas, é uma boa aposta. Boa se deixarem o meu velho e querido amigo Sikato trabalhar, se o deixarem fazer o que ele entende ser melhor em matéria de recursos humanos.

Duvido que o deixem. A UNITA teima, continua a teimar, em confundir as esquinas da vida com a vida nas esquinas. Continua a preferir ser assassinada pelo elogio do que salva pela crítica. E quando assim é...

Alcides Sakala Simões, outro velho e querido amigo, foi nomeado para Secretário das Relações Exteriores. Um cargo que trata por tu. O Alcides também sabe o que fazer, só falta saber se o deixam fazer. Temo que não.

Makuta Nkondo foi escolhido para assessor de imprensa. Trata-se de um cargo relevante se for bem desempenhado. Se calhar para mostrar serviço, a Imprensa internacional já recebeu o relatorio de auditoria da UNITA sobre as eleições legislativas de 5 e 6 de Setembro de 2008 em Angola.

Mas, mais uma vez, recebeu esse relatório em duplicado ou triplicado. Isto é: Nkondo mandou o relatório e as diferentes estruturas do partido espalhadas pela diáspora fizeram o mesmo.

É pena. Estão a gastar-se balas preciosas para matar a onça que já está morta, ficando-se sem munições para disparar contra o leão que está de atalaia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Caro Orlando

Ao fim de quatro meses de auto-imposto silêncio,só tu me farias sair dessa situação, porque na minha idade, só os amigos me conseguem fazer sair do sério.

O que escreves é profundamente injusto. E vou tentar explicar-te. Após as eleições, cujos resultados foram cuidadosamente manipulados, a UNITA fez publicamente (quanto a mim da maneira errada) uma autocrítica bastante dura. Os opositores de Isaías Samakuva, que durante a campanha contribuiram objectivamente para a derrota da UNITA, ao recusarem participar na mesma, não avançaram com soluções para a necessária reestruturação. Apesar das muitas "bocas" na surdina dos corredores, exigindo a demissão da Direcção do Partido, no local próprio, a reunião da Comissão Permanente alargada aos quadros da Comissão Política Nacional presentes em Luanda, nem uma voz se ergueu exigindo tal.

Mas mesmo assim, Isaías Samakuva colocou o seu lugar à disposição do Partido, e nem nessa altura os chamados opositores avançaram.

O Partido apoiou Isaías Samakuva, mas este num exercício de "consensos" nomeou uma comissão para estudar o sucedido durante as eleições e propor soluções de reestruturação. Metade dos elementos de tal comissão pertenciam à chamada oposição interna.

As soluções apresentadas por essa comissão foram postas em prática, e só os mais desatentos não repararam. A estrutura do Partido foi reduzida, tornada mais operacional, os secretariados nacionais foram limitados a meia dúzia,concentrando o poder decisivo numa estrutura mais simples e portanto mais eficaz. Novos secretários foram nomeados e ainda é cedo para saber se farão bom ou mau trabalho.

Mas o que é importante é o facto de que responsáveis de topo do Partido terem sido nomeados para trabalharem em municípios, directamente com a população. Esperemos que assim a mensagem passe.

Makuta Nkondo já era acessor de imprensa de Isaías Samakuva. Um militante com capacidades para o cargo que pelo menos não se escondeu durante a campanha. Não foi ele que produziu o relatório a que aludes. O relatório foi um trabalho de uma equipa maior.

Mas o que me espanta neste teu post são as linhas que dedicas a este relatório. Nem em 1992 aquando da primeira fraude, foi feito um relatório tão cuidadoso e tão tecnicamente apoiado (eu sei, participei na feitura do de 1992). Este relatório, a que se seguirá um dossier com todos os pormenores, é um trabalho que denuncia como e o que foi feito para manipular estas eleições. Isso é que é importante.

Confundir a sua importância com o facto de ser enviado duas ou três vezes à mesma pessoa é confundir as esquinas da vida com a vidas das esquinas, ou a obra prima com a prima do mestre de obras como tu gostas de dizer.
Um abraço
Uabalumuka