O Zimbabué pode paralisar depois do impasse na Cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) que, em teoria, visava colmatar as divergências entre o presidente Robert Mugabe e a oposição sobre um um Governo de unidade nacional.
Passivos dirigentes dos 15 estados-membros da SADC, reunidos em cimeira extraordinária em Joanesburgo (África do Sul), comendo e bebendo do bom e do melhor, não conseguiram desbloquear a situação no Zimbabué (onde estará a novidade?) perante a intransigência de Robert Mugabe, um cidadão de 84 anos de idade que diz ao mundo que só Deus o poderá demitir.
A ZANU-Frente Patriótica de Robert Mugabe, no poder desde 1980, e o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), o principal partido da oposição liderado por Morgan Tsvangirai, foram convidados, em comunicado da SADC, a "partilhar o controlo do Ministério do Interior" para formarem "imediatamente" um Governo de unidade nacional. Ou seja, nada.
O MDC reclama o ministério - que controla a polícia - desde que a ZANU-PF assumiu a pasta da Defesa sem ter esperado pelo fim das negociações quanto à repartição dos ministérios. Parece que, mais uma vez, só Deus poderá dizer como é que as coisas podem e devem ser feitas.
Mas como, ao que parece, só Mugabe tem linha directa para Deus...
O líder do MDC deveria assumir as funções de primeiro-ministro, ao abrigo do acordo assinado com a ZANU-FP em 15 de Setembro, sob mediação da SADC, mas Tsvangirai tem-se desde então recusado a aceitar a partilha de pastas feita unilateralmente pelo presidente Mugabe.
Tsvangirai alega que há pastas governamentais que, a ficarem sob controlo da ZANU-FP, implicariam que o partido perdedor manteria o poder efectivo e manteria os níveis de repressão do passado recente. Mas, como Mugabe diz, os outros ganharam mas quem manda é ele.
O acordo de partilha de poder assinado a 15 de Setembro "está morto", estima Sydney Masamvu, do grupo de estudos do Grupo de Crise Internacional, uma vez que a "SADC tem sido incapaz de encontrar um compromisso aceitável para todas partes".
Os dirigentes do MDC devem reunir-se sexta-feira para discutir o acordo de governação, revelou o porta-voz do partido, Nelson Chamisa, anunciando a "pretensão de um compromisso".
A grande maioria do povo zimbabueano luta por sobreviver num país com a economia em ruínas, confrontado com a escassez de alimentos e uma taxa de inflação de 231 milhões por cento. Mais de 80 por cento da sua população está desempregada.
Mas o que é que isso interessa?
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