A Lusofonia é uma realidade (por muito que digam o contrário todos aqueles que compraram a verdade com o cartão de membro de um qualquer partido) que em muito ultrapassa os 220 milhões de cidadãos.
Se assim é, porque carga de chuva a Imprensa portuguesa dá mais importância ao Quirguistão do que a Angola, ao Iraque do que à Guiné-Bissau, ao Cazaquistão do que a Moçambique?
Seja lá porque for, a Comunicação Social lusitana está a contribuir não só para assassinar a Lusofonia mas, importa dizer, para o seu próprio fim. Não serão, creio, os quirguizes, os iraquianos ou os cazaque que vão comprar os jornais, ouvir as rádios ou ver as televisões portuguesas.
Por culpa (mesmo que inconsciente ) dos poucos que têm milhões, continuam os milhões que têm pouco à espera que a chamada comunidade lusófona acorde. E ela tarda a acordar porque a Imprensa, nomeadamente a portuguesa, continua a dormir.
É claro que, como em tudo na vida, não faltarão os que na Imprensa portuguesa dirão que não é possível entregar a carta a Garcia (será que sabem o que isso significa?), justificando que os correios estão fechados...
Mas não é com esses que se faz a História da Lusofonia apesar de, reconheço, muitos deles teimarem em flutuar ao sabor de interesses mesquinhos e de causas que só se conjugam na primeira pessoa do singular.
Não entendem, nunca entenderão, que a Lusofonia deveria ser um desígnio nacional. E não entendem porque, de facto e cada vez mais de jure, já nem tirando os sapatos conseguem contar até 12, tal a dependência da máquina de calcular.
Creio, contudo, que vale a pena continuar a lutar. Lutar sempre, apesar da indiferença de (quase) todos os que podiam, e deviam, ajudar a Lusofonia.
Um dia destes um amigo, também ele apaixonado pela Lusofonia, fez-me o retrato do que entende ser o mal da nossa (lusófona) sociedade: «Quem trabalha muito, erra muito; quem trabalha pouco, erra pouco; quem não trabalha, não erra; quem não erra... é promovido».
Será? Pela experiência, creio que é mesmo assim, no entanto penso que não poderá continuar a ser assim, a não ser que queiramos ver a Lusofonia substituída pela Francofonia ou por outra qualquer fonia.
Pelo que a Imprensa portuguesa faz, tudo leva a crer que é essa a estratégia. Fica, contudo, uma certeza. Se cá estamos para ver, também cá estaremos para dizer quem foram os que estavam a cantar no convés enquanto o navio se afundava.
Resta-me acreditar (continuar a acreditar) que a Lusofonia pode dar luz ao Mundo e que, por isso, não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar.
Se calhar, mais uma vez, estamos a tentar o impossível. Mas vale a pena (até porque a alma não é pequena) já que o possível fazemos nós todos os dias.
Se calhar, mais uma vez, estamos a tentar o impossível. Mas vale a pena (até porque a alma não é pequena) já que o possível fazemos nós todos os dias.
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