Palmira Lopes (leitora assídua desta peregrina utopia que dá pelo nome de Alto Hama) diz-se “estupefacta” com a possibilidade, ou melhor – certeza, de as eleições presidenciais em Angola serem, talvez, em 2010. E tem razão.
“Sabemos que Eduardo dos Santos é especialista em batotas. Mas creio que agora vai longe demais. Tudo indica que (mesmo antes da realização das legislativas já circulavam em Luanda rumores de que as eleições presidenciais nunca seriam antes do CAN) Eduardo dos Santos terá encontrado a fórmula (mágica) de se perpetuar no poder até a morte”, escreve a Palmira.
Para mim, Eduardo dos Santos não arranjou a fórmula de se perpetuar até à morte. Arranjou, isso sim, a fórmula de se perpetuar durante toda a vida.
Como diz esta angolana, “não há dúvidas de que o voto no parlamento será de braço no ar”. E porquê? “Porque até entre deputados do MPLA haveria quem não votasse no Soba grande”.
Acresce, diz a Palmira, que “o medo de Eduardo dos Santos já não é apenas da derrota, é também perceber que mesmo ganhando nunca atingiria o mesmo patamar dos tais 80 e mais por cento que o MPLA, não se sabe bem como, obteve”.
Ou seja, “com medo da evidência, com a sua popularidade muito aquém do partido que ele transformou em seu refém, Eduardo dos Santos dá a assim a machada final no que restava do embrião de democracia”.
“Mas se assim for (eleição indirecta), é preciso, desde já ,alertar que os actuais deputados não estão mandatos pelo eleitores para elegerem o Presidente da República”, escreve Palmira Lopes, acrescentando que “os eleitores quando depositaram o voto na urna, elegeram um Parlamento de onde sairia um Governo, na expectativa de a seguir eleger também um Presidente”.
“Espero que a oposição angolana, as igrejas, a sociedade civil e dita comunidade internacional não se deixem deslumbrar com os milhões que Eduardo dos Santos tentará oferecer para silenciar tudo e todos e assim alcançar o seu desígnio”, conclui a Palmira.
Nesta, como em muitas outras questões, a comunidade internacional vai fazer o que os dólares (petróleo e diamantes) de Eduardo dos Santos determinarem que se faça.
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