«Dois mil e oito termina com uma boa parte dos cidadãos angolanos a recearem que a subversão das normas eleitorais ocorrida em Setembro de 2008 seja um golpe duro ao processo democrático e que venha a instalar-se em Angola um regime absolutista, mascarado de democracia, praticando a ditadura com subtileza, manipulando a Lei e subvertendo a soberania popular.
Creio que não é isso que os angolanos querem. Eles querem a democracia real e a justiça social que produzem a paz social.
Os angolanos querem reforçar as infra-estruturas da democracia – uma imprensa livre, sindicatos livres, partidos políticos fortes e independentes, que permitem às várias comunidades escolher os seus dirigentes para desenvolver as respectivas regiões e a sua cultura e reconciliar as suas divergências internas por meios pacíficos.
No que nos diz respeito, em 2009 vamos continuar a defender um regime democrático onde as desigualdades são contidas e os desequilíbrios reduzidos e eliminados.
As grandes desigualdades a nível do poder sócio-económico dificultam a distribuição do poder político de forma relativamente igualitária.
Sabemos que há quem defenda o contrário, dizendo que Angola precisa de criar primeiro um regime forte, de uma elite de capitalistas nacionais ligada a um só Partido. Esta elite promove uma cultura hegemónica e um Estado centralizado, que organiza eleições sem competitividade e sem perigar a manutenção do poder pela classe dominante.
Vamos continuar a defender um regime realmente democrático, com um Estado descentralizador que utiliza a democracia participativa para reduzir e conter as desigualdades sócio - económicas e promover o desenvolvimento humano e a inclusão social.
Por isso dizemos que a democracia deve ser participativa e total e o desenvolvimento deve ser descentralizado e sustentável, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista tecnológico, cultural e ecológico.
Democracia e desenvolvimento devem andar de mãos dadas porque somente o ideal democrático, e nunca o autoritarismo, trará desenvolvimento e justiça económica e social para todos os angolanos.
Apesar deste quadro sombrio, não temos nada a temer. Quando olhamos para trás e vemos toda a humilhação e tirania por que passámos, nós e os nossos antepassados; quando olhamos para trás e vemos todos os perigos por que passámos, as poderosas conquistas que alcançamos, por que razão haveremos de ter medo do futuro?
Sobrevivemos ao pior. Afinal, o futuro pertence-nos, porque somos um povo maduro, temos uma história e teremos um destino.»
Nota: Estas são partes do discurso de fim de ano do presidente da UNITA, Isaías Samakuva.
1 comentário:
acho que é um lider em altura de dirigir os destino do nosso pais muito obrigado
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