quinta-feira, junho 25, 2009

Actuar só depois da casa assaltada?

O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira (foto), criticou hoje a intervenção do Presidente da República sobre a eventual compra pela Portugal Telecom (PT) de 30% da Media Capital, detentora da TVI .

"Acho mal que o Presidente da República se manifeste sobre estas questões empresariais. Acho pior ainda por cima quando se sucede em poucas horas à entrevista da líder da oposição sobre esta matéria. Não acho que o Presidente da República deva apanhar boleia sobre estas questões", disse à agência Lusa Rui Moreira.

O Presidente da República afirmou hoje que os responsáveis da PT devem explicar aos portugueses que motivos levam esta empresa a querer comprar 30 por cento da Media Capital, por "uma questão de transparência".

"Face às dúvidas fortes que, neste momento, estão instaladas na sociedade portuguesa é importante que os responsáveis da empresa de telecomunicações expliquem aos portugueses o que está a acontecer entre a PT e a TVI. É uma questão de transparência", afirmou Cavaco Silva.

Para Rui Moreira, é "excessivo e desadequado" fazer uma "conotação política" de "um negócio louvável por parte da PT", que pretende devolver a capitais portugueses uma empresa que foi vendida a espanhóis.

Capitais portugueses? Isso ainda existe? Ou, cada vez mais, os capitais serão – na melhor das hipóteses – europeus?

"Na altura em que a Media Capital foi comprada pela Prisa, as mesmas pessoas que estão agora a levantar estas questões fizeram algum alarido, alegando que a Prisa era um grupo espanhol ligado ao PSOE e que, portanto, se tratava de uma forma encapotada de arregimentar um meio de comunicação social que é líder no país", realçou.

"Não gosto muito destas interferências sucessivas do Estado e destas pressões sobre as empresas", afirmou, defendendo que o Presidente da República apenas deve actuar depois de o negócio se concretizar e "se houver instrumentalização ou politização da TVI".

Mau conselho. Actuar depois faz-me lembrar a situação de muitos portugueses que, sobretudo graças a este governo, estão a aprender a viver sem comer. Nada adiantará, digo eu, chegar-lhes com um cabaz de alimentos depois de a morte consumada.

De que adiantará actuar depois de o negócio se concretizar e "se houver instrumentalização ou politização da TVI"? De que adiantará o arrepednimento depois de colocar na urna o voto no PS?

Rui Moreira salientou que também não o "comove muito" a questão de se pensar que este eventual negócio é uma forma de afastar José Eduardo Moniz da direcção da TVI.

E se é verdade, como diz Rui Moreira, que "ainda há uma semana atrás se percebia que os planos de José Eduardo Moniz tinham a ver com outras coisas. Queria ser candidato ao Benfica e só não foi por questões internas do Benfica, que têm a ver com os prazos eleitorais", também não seria mau perceber-se quais os planos politico-partidários do presidente da Associação Comercial do Porto.

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