O Ministério Público mandou arquivar a queixa crime movida por José Sócrates, secretário-geral do PS e primeiro-ministro de Portugal, contra o jornalista e colunista do Diário de Notícias João Miguel Tavares.
A queixa foi arquivada pelo Ministério Público, que considerou que "as expressões utilizadas pelo arguido, dirigidas ao primeiro-ministro, ainda que acintosas e indelicadas, devem ser apreciadas no contexto e conjuntura em que foram publicadas, e inserem-se no exercício do direito de crítica, inscusceptiveis de causar ofensa penalmente relevante".
João Miguel Tavares já reagiu, dizendo: "era o que estava à espera. mal seria se a decisão fosse outra".
O cronista do Diário de Notícias, recorde-se, foi alvo de uma queixa do primeiro-ministro por um artigo em que fazia referências à "licenciatura manhosa", aos projectos "duvidosos" da Guarda e ao "apartamento de luxo" comprado "a metade do preço". No mesmo artigo, Tavares fazia uma comparação entre Sócrates e Cicciolina.
Desde que no início do ano o caso Freeport voltou em força à praça pública que José Sócrates já lançou uma série de queixas crime. Além de João Miguel Tavares, foram processados vários jornalistas da TVI, incluíndo o director geral José Eduardo Moniz e a apresentadora do Jornal Nacional de sexta-feira Manuela Moura Guedes. O director e dois outros jornalistas do Público foram também alvo de queixas crime.
De facto, José Sócrates, tornou regra de ouro no reino lusitano que a liberdade dos jornalistas tem de acabar onde começa a sua, mas entende que a sua não tem limites.
Por alguma razão, há já bastante tempo e porque vê longe, António Barreto disse que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.
António Barreto acrescentou ainda, de forma lapidar, que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.
Habituado a que os trabalhadores das redacções dos órgãos de comunicação social (Jornalistas são outra coisa substancialmente diferente) lhe vão comer à mão, Sócrates não consegue conviver quer com a liberdade de expressão quer com o contraditório.
É por isso que se dá bem com a sua própria sombra, bem como com outras sombras que com ele estão sempre de acordo. Sócrates prefere ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica. É um direito que lhe assiste. O problema está que quer transformar o país num amontoado de acéfalos e invertebrados portadores do cartão de militante do PS.
Na entrevista à RTP1, transmitida no dia 21 de Abril, José Sócrates referiu-se ao telejornal das 20 horas de sexta-feira da TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes, como sendo "travestido" e feito "de ódio e perseguição".
"Aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem", afirmou José Sócrates.
O azedume do primeiro-ministro reflecte igualmente a frustração que deve sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado e continue a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.
Aliás, se este PS voltar a ganhar as eleições, o certo é que acabem todos aqueles que teimam em ser Jornalistas. Se numa legislatura Sócrates fez o que fez, em duas será o fim da liberdade e da diversidade de opiniões.
O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.
O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".
O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.
O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).
O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.
Voltem a dar-lhe a vitória e depois vão ver a liberdade a apenas tentar sobreviver nos córregos sinuosos da recordação.
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