Apenas na taxa de fertilidade, a maior da África sub-saariana, a Guiné-Bissau consegue superar os seus pares, mas, com a economia a contrair-se nos últimos anos, o forte crescimento populacional contribui para o empobrecimento da população.
Os Indicadores de Desenvolvimento de África 2009, compilados pelo Banco Mundial, indicam que, entre 2000 e 2006, o produto interno bruto 'per capita' guineense recuou 3,2% (a preços constantes de 2000), melhor apenas do que o registado em dois países africanos: Zimbabué (menos 6,4%) e Libéria (menos 6,9%).
Em 2006, o rendimento médio era de 131 dólares por cada um dos seus quase 1,7 milhões de habitantes; pior, só o Burundi (102) e a República Democrática do Congo (91 dólares).
A média do continente africano foi positiva em 2,3%, no mesmo período, que, devido à expansão do preço das matérias-primas é considerado pelos analistas como o melhor na história das economias africanas desde o início das independências.
O rendimento dos guineenses recuou apesar de a ajuda ao desenvolvimento por habitante (50 dólares) ter sido até superior à média do continente (48,5 dólares).
Na década de 1990, a evolução do PIB per capita guineense também foi negativa (menos 2,2%, a preços constantes de 2000) e apenas nos anos 1980 houve crescimento, de 2,3%.
Para esta situação contribuem as oscilações do crescimento económico, ao sabor das crises políticas internas ou do preço do grande produto de exportação, o cajú, mas também o crescimento da população (3% em 2006), graças à mais alta taxa de fertilidade do continente (7,1 nascimentos, em média, por cada mulher).
Desde 2000, a população cresceu 23%, quase um quarto.
Também o PIB real (a preços constantes de 2000) teve nos anos 1980 o seu melhor período (3,8%), abrandando para 1,4% na década seguinte e recuando depois 0,2% entre 2000 e 2006.
Considerado um país altamente endividado, o serviço da dívida garantida pelo Estado mais do qu e duplicou desde a década de 1980: de 22% (em relação ao valor das exportações) para 46,4%.
A economia formal do país gira em torno de praticamente um produto, a castanha de cajú, que representava em 2006 quase 87% das exportações.
Quanto às condições de vida no país, as publicações de referência apontam para indicadores de desenvolvimento dos piores do mundo, e de modo geral sem sinal de melhoria.
Em 2002, últimos dados disponíveis cerca de dois terços da população (65,7%) vivia abaixo do nível de pobreza.
A esperança média de vida à nascença, segundo os Indicadores de Desenvolvimento de África 2009, é de 46,2 anos, abaixo da média africana sub-saariana (50,5 anos), mas acima de países como Moçambique (42,5), que se defronta com uma grave epidemia de HIV/SIDA, ou mesmo de Angola (42,4).
Um quinto (200 em 1000) das crianças guineenses morre antes dos cinco anos de idade, situação também mais grave do que a média dos países sub-saarianos (157 em 1000).
Na década de 1990, a situação da mortalidade infantil era ainda mais sombria, com 240 crianças a morrerem antes dos cinco anos de idade.
Os dados do Banco Mundial, referentes aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), demonstram ligeiros progressos também no nível de imunização de recém-nascidos (até 23 meses), que cresceu de 53% na década de 1980 para 60% em 2006.
A mortalidade materna, outro ODM, é de 1.100 casos por cada 100 mil partos, bem longe dos 210 casos registados em Cabo Verde, um dos melhores países neste domínio.
Em 2007, a prevalência do HIV/SIDA era de apenas 1,8%, mas o uso de contraceptivos baixo (cerca de 10%).
O acesso a água canalizada é realidade para apenas 57% da população, e um terço (33%) tem acesso a saneamento.
Sobre a Educação, as estatísticas disponíveis são poucas e desactualizadas: estima-se que em 2000 45,2% das crianças frequentavam o ensino primário e 26,9% o concluíam.
É este país que, dentro de algumas horas, vai ter eleições para gáudio da comunidade internacional. Depois, é claro, vai continuar a ter o registo que aqui ficou expresso.
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