O candidato do Partido Democrático Socialista de Salvação Guineense, Partido Jovem, às presidenciais do próximo dia 28 na Guiné-Bissau, Serifo Baldé, defende o envio "urgente" de uma força de manutenção da paz para o país.
Aí estão os guineenses de primeira ao seu melhor estilo. Uns querem a força de manutenção de paz, outros não, outros talvez sim antes pelo contrário.
Quanto aos guineenses de segunda (a esmagadora maioria) só querem uma força de manutenção contra a fome. Mas essa está cada vez mais longe.
Em declarações à Agência Lusa, Serifo Baldé, que se candidata pela primeira vez, afirma que "está provado que os guineenses não conseguem resolver os seus problemas".
Também me parece. Mas esta é uma daquelas verdades que incomoda a comunidade internacional (ONU, CPLP, UE) porque, para ser posta em prática, dá trabalho. E trabalhar não é bem aquilo que o mundo quer dar à Guiné-Bissau.
"Não há segurança para ninguém, nem para o povo, nem para os políticos e muito menos para os governantes", declara Baldé, sublinhando que existe "muito ódio e desejo de vingança" entre os guineenses.
Ora aí está. Desde logo uma verdade lapidar em que o candidato separa o povo dos políticos e dos governantes.
"Só uma força de paz consegue travar isso", defende Serifo Baldé, frisando já ter transmitido a sua posição aos responsáveis da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Enquanto não se decidir sobre o envio de uma força estrangeira, Serifo Baldé aponta a reforma das Forças Armadas como condição para se ultrapassar os "graves problemas de segurança" na Guiné-Bissau.
"É urgente que se reforme as Forças Armadas, temos que fazer um novo recrutamento de mancebos para que possamos ter um equilíbrio étnico nos quartéis", defende o candidato.
Outro instrumento a necessitar de reforma, na opinião de Serifo Baldé, é a Constituição da República guineense, que o político entende ser "viciada", necessitando de um "novo arranjo".
O candidato condena ainda os últimos acontecimentos que levaram aos assassínios de Baciro Dabó (candidato às presidenciais) e Hélder Proença (deputado e ex-ministro da Defesa), acusados de tentativa de golpe de Estado.
"Qualquer que seja o crime que possam ter cometido deviam ser levados à justiça. Devemos parar de nos matar uns aos outros", diz Serifo Baldé, exortando os militares a denunciaram os políticos que andam a instigá-los para a subversão à ordem constitucional.
"Os militares deviam chamar os nomes dos políticos que lhes andam a fazer a cabeça para o golpe ou contra-golpes. O poder conquista-se nas urnas, com a vontade popular, como vou fazer no dia 28 de Junho", afirma.
O candidato diz que vai ganhar "com a força da juventude guineense, que já está cansada". Está cansada a juventude e todos os guineenses.
No entanto, como as Kalashnikov nunca se cansam, o mais certo é continuar a haver golpes e contra-golpes, mortes e mais mortes.
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