Parece-me totalmente desnecessário continuar a falar da Guiné-Bissau, sobretudo porque (como diz a comunidade internacional, onde se inclui a CPLP) as eleições vão resolver todos os problemas.
Mesmo assim, vou remando contra a maré. Valerá a pena? Não deve valer, mas...
Então o director-geral dos Serviços de Informação do Estado (SIE) da Guiné-Bissau, coronel Antero João Correia, continua detido em Bissau por, ao que parece, se bter recusado a dar cobertura à alegada intentona golpista de 5 de Junho.
A democracia tem destas coisas. Ou se é favor de quem está no poder ou, é claro, vai-se para a choldra. Ou se é a favor ou choca-se com uma bala perdida.
O coronel Antero João Correia, antigo comandante-geral da Polícia, teria sido imediatamente detido, naquele mesmo dia, por ordens do interino chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Zamora Induta, depois de se recusar a assinar o comunicado do SIE que anunciava a neutralização da alegada tentativa de golpe de Estado.
Esta recusa teria obrigado os mentores do plano a confiar a assinatura do documento ao director-geral adjunto dos SIE, coronel Samba Djaló, que é apontado como uma pessoa "muito próxima" (pudera!) de Zamora Induta e seu representante a nível do Ministério do Interior que tutela os SIE.
O coronel Antero Correia teria manifestado a sua recusa por discordar de tais alegações de tentativa de golpe de Estado atribuída a várias figuras políticas e militares, incluindo o ex-ministro da Defesa Hélder Proença e o candidato presidencial Baciro Dabó, que foram mortos na mesma altura.
O comunicado em causa referia que a morte de Hélder Proença e Baciro Dabó teria resultado dum tiroteio que se seguiu à resistência demonstrada por eles quando as forças da ordem alegadamente pretendiam detê-los pela sua suposta implicação na intentona.
No entanto, embora a custo e com toneladas de medo, as versões apresentadas por familiares e outras testemunhas contrariam a explicação dada no comunicado dos SIE, desmentindo que tivesse havido algum tiroteio antes da morte das duas personalidades.
Esta realidade significa, a ser verdade, que se tratou de "puro assassinato" uma vez que Dabó foi encontrado em sua casa e a domir, enquanto Hélder Proença estava de viagem, por estrada, proveniente da capital senegalesa, Dakar.
Estes golpistas não aprendem. Então numa noite de golpe vai-se dormir, ainda por cima na mesma cama, na mesma casa, onde se dorme todos os dias? Ou faz-se uma viagem por estrada como se nada se passasse? Francamente!
Alguns observadores comentam que o próprio facto de o comunicado dos SIE ter sido publicado sem o consentimento do Governo é revelador da existência de um "poder paralelo" que teria ordenado as execuções e a divulgação documento.
E assim se vai escrevendo a história do princípio daquilo que pode ser o fim da Guiné-Bissau.
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