O secretário-geral do PS, primeiro-ministro de Portugal, dono absoluto e único da verdade, José Sócrates, pediu hoje contributos para o programa eleitoral socialista e contestou a ideia de que está "a fabricar uma nova imagem" desde a derrota nas eleições europeias.
Pediu, é como quem diz. Quem se atrever a dar um contributo que ponha em causa as ideias do perito dos peritos está feito ao bife. Sócrates decapita-o ou, na melhor das hipóteses, manda um dos seus sipaios, tipo Augusto Santos Silva, decapitá-lo. É tão simples quanto isso.
Em Lisboa, numa sessão do Fórum Novas Fronteiras, que definiu como "a plataforma de encontro entre o PS e a sociedade", José Sócrates repetiu várias vezes a palavra "abertura" e reclamou-a como uma marca dos socialistas.
Abertura? Claro que sim. Abertura total para os que estiverem determinados a estar sempre de acordo com o soba mor do reino lusitano. Abertura total para todos os que, tal como o soba, preferem ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica.
"O nosso projecto é um projecto colectivo, que fica mais rico com o vosso contributo e que fica mais forte com o vosso apoio", afirmou o secretário-geral do PS, na abertura do seu discurso. A malta, mesmo dentro do PS, que sabe que o rótulo não corresponde ao produto, riu-se baixinho mas abanou a cabeça e meteu o rabinho entre as patas.
"Quero convocar todos aqueles que têm um contributo a dar para a definição de um programa política à altura dos desafios que enfrentamos", disse Sócrates (este só sabe que tudo sabe), acrescentando que pretende uma "preparação colectiva, em ambiente de discussão viva e participada, do programa eleitoral com que o PS se apresentará às eleições legislativas para governar Portugal".
Tretas e mais tretas. Creio, contudo, que vai ter o contributo de todos aqueles que adoram pactuar com as injustiças, que gostam de traficar influências, que adulam a razão da força e destestam a força da razão, que enfim fazem política “made in Portugal”.
Depois de dizer que "o PS está sempre disponível para ouvir toda a gente", mas sem "abdicar dos seus valores, do seu programa e do seu projecto", José Sócrates contestou a ideia de que está "apenas a fabricar uma nova imagem".
O PS, reconheca-se, tem demonstrado disponibilidade para ouvir todos os portugueses de primeira, ou seja, todos os que para além de serem do PS veneram José Sócrates.
De uma coisa os portugueses de segunda (todos os que não se enquadram na definição anterior) podem ter a certeza: por muitas vezes que a hiena vá ao cabeleireiro será sempre um carnívoro perigoso.
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