Num dia de reflexão para os guineenses, permitam-me recordar um texto que publiquei no Jornal de Notícias (Portugal). Parece que foi há muito tempo... mas foi há pouco mais de sete meses. O título é: “Guiné-Bissau: PAIGC quer maioria nas eleições”.
«O líder do PAIGC, Carlos Gomes Jínior, acredita que terá maioria absoluta nas eleições legislativas deste domingo na Guiné-Bissau. Apelando ao "sonho de Amílcar Cabral", nem a imagem de Barack Obama escapou à campanha.
No discurso de encerramento da campanha eleitoral, Carlos Gomes Júnior prometeu resolver os principais problemas do país "com estabilidade política e social e com um crescimento económico sustentado". "Sem água e sem luz não há desenvolvimento", disse ao referir-se aos problemas do país.
Colando-se à imagem e ao resultado histórico de Barack Obama ao ser eleito presidente dos EUA, Carlos Gomes Júnior disse que "brancos, pretos, asiáticos, todos votaram nele, o que comprova que não podemos ter racismo na nossa terra".
O líder do PAIGC disse também que "quando elegermos um branco guineense para governar a Guiné-Bissau também temos de aceitar, porque isso é que é democracia". Esclareceu, contudo, que "o que agora existe na Guiné é buraco Obama, porque o país está num buraco".
Hoje, 19 partidos e duas coligações vão disputar umas eleiçõe que ficam marcadas, sobretudo em termos de campanha eleitoral, pela questão do narcotráfico que, como revelou um recente ralatório da ONU, pode fazer implodir o país.
A questão saltou para a ribalta pela acção do PSR, o segundo maior partido guineense, tendo o seu líder, Kumba Ialá (que regresou de Marrocos, onde reside, para fazer campanha), acusado o presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira, de estar envolvido.
"Com a vitória do PRS, a primeira decisão que o meu Governo tomará será prender todos os traficantes de droga e entregá-los à comunidade internacional para serem julgados", afirmou o antigo presidente guineense.
Segundo Kumba Ialá (também conhecido por Mohamed Ialá Embaló) a Guiné-Bissau terá com o PRS um governo que valorizará a agricultura e as pescas e que, por isso, "não tem necessidade de comprar e vender droga".
Fazendo um balanço da campanha, Nino Vieira lamentou que ela tenha servido para "fazer declarações bombásticas e não para discutir os reais problemas do país".
"Infelizmente foram feitas declarações bombásticas que não abonam em nada para imagem do país, deixando-se de lado a apresentação de programas concretos para o combate à cólera, fornecimento de água potável e coisas do género", disse Nino Vieira.
Em declarações recentes, os EUA prometeram apoiar as autoridades guineenses na luta contra o narcotráfico que, segundo a embaixadora Márcia Bernicat, "é uma ameaça real".
Apesar de o voto dos guineenses no estrangeiro para as legislativas estar previsto na lei, apenas o puderam exercer nas eleições de 1999. Pela segunda vez consecutiva, o Parlamento guineense vai ficar incompleto, uma vez que não serão eleitos os deputados pela Europa e pelo Resto de África (dois deputados em 102).
As eleições de hoje contam com diversos observadores internacionais, sendo Portugal o país com maior número a nível da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), com seis elementos num total de 15.
Além da comunidade lusófona, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Europeia (UE) também enviaram missões de observação às eleições.»
http://jn.sapo.pt/paginainicial/Mundo/interior.aspx?content_id=1044914
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