O ministro da Agricultura de Portugal, Jaime Silva, revelou hoje que o Governo já garantiu quatro mil milhões de euros para os agricultores e desvalorizou as críticas da Confederação do sector, assegurando que "todas as ajudas e investimentos serão publicados".
Porquê hoje? Porquê quatro mil milhões de euros? Se calhar, digo eu, porque os agricultores mostram ter tomates, tal como nos tempos do Verão quente, para dar e vender.
"Contrariamente ao que a Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) diz, nós não vamos comprar os agricultores nem o silêncio das confederações. Vamos aplicar justiça, coesão territorial e transparência", disse o ministro, em declarações à agência Lusa.
Podem não comprar, mas que tentaram, que tentam e que tenterão isso é uma certeza. E como até agora o preço oferecido era parco, vão com certeza aumentá-lo.
Jaime Silva reagiu às críticas da CAP que, hoje, em Santarém, acusou o ministro de “já ter entrado na campanha eleitoral”.
Bom. A CAP está a pecar na análise, sobretudo quando diz que o ministro “já” entrou em campanha eleitoral. Quanto a mim, Jaime Silva ainda não entrou em campanha, mas que vai entrar em força, isso vai. Até agora esteve a ver onde param as modas. Como o resultado não foi o esperado, vamos vê-lo a semear em todas as frentes.
“Vão surgir anúncios de medidas e mais medidas, milhões que não são milhões, que serão ilusões. Vão tentar comprar-nos, vão tentar dividir-nos. Temos que estar unidos para enfrentar isso. Até no feriado se lançaram um conjunto de medidas para o sector com vários milhões de euros para que nos iludam com milhões. Não se iludam com isso. Tiveram quatro anos para nos ajudar. Era aí que fazia falta, não é agora com promessas que nos vamos render”, afirmou o secretário-geral da CAP, Luís Mira.
É isso mesmo, se bem que na resposta o ministro tenha dito que "o Governo não vai anunciar novas medidas, porque já as adoptou, nomeadamente para o sector leiteiro".
“Foram quatro anos de mudança. Quatro anos em que foi este governo que garantiu aos agricultores, que negociou em Bruxelas, mais de quatro mil milhões de euros para gastarmos até 2015”, disse o ministro, que sublinhou que estas verbas são “para gastar bem, para premiar os agricultores portugueses que querem produzir e que querem investir mais”.
Como por aqui se tem dito (e se continuará a dizer se o governo do reino não o impedir), também nesta matéria existem agricultores de primeira (os deste PS) e os de segunda (todos os outros).
Jaime Silva, percebendo – embora tarde, ao que espero – que os agricultores não são asnos, referiu ainda que “esse dinheiro é para todos os agricultores e não apenas para alguns” e destina-se a todo o país para fomentar a “coesão territorial”.
“Eu acho lamentável, porque uma coisa é um direito das confederações de exercerem ‘lobby’, pressão, fazerem propostas, e negociarem com o governo. Outra coisa é participarem na campanha partidária”, afirmou.
Por outro lado, o governante garantiu que “não há nenhuma verba do PRODER [Programa para o Desenvolvimento Rural] perdida”.
“Este ano, quando formos dar conta dos projectos que estamos a aprovar, já temos 42 por cento da verba do PRODER comprometida, que correspondem a 18 projectos aprovados. Os portugueses vão dar-se conta de que afinal estamos a gastar o dinheiro que negociámos mas estamos sobretudo a gastá-lo bem, em quem quer produzir e em quem quer criar riqueza”, referiu.
Jaime Silva lembrou ainda que “já no ano passado diziam que o governo não estava a gastar o dinheiro”, mas “afinal chegaram aos agricultores portugueses 1.500 milhões de euros”.
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