O arcebispo de Braga (Portugal) não gostou que um padre de Famalicão aceitasse ser o candidato socialista à Assembleia Municipal e questinou hoje, em declarações à agência Lusa, o "dever de obediência" do sacerdote.
É tudo uma questão de liberdade para, é claro, estar de acordo com o chefe ou, e se calhar com razão, a tese de que cada macaco deve estar no seu galho. Mas como em Portugal está tudo trocado... se calhar não é mau ter mais um sacerdote na política.
"Um padre tem que ser padre a tempo inteiro, ser padre para todos e, ao fazer parte de um partido político, passa a ser padre mais para uns do que para outros", referiu o arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Assim seria o ideal. Mas se o país tem políticos, médicos, jornalistas, advogados e por aí fora a tempo parcial, porque carga de chuva o sacerdote não poderá tentar dar uma mãozinho ao PS?
D. Jorge Ortiga comentou assim a candidatura do padre Salvador Cabral, pároco de três freguesias, à presidência da Assembleia Municipal de Famalicão, como independente, nas listas do Partido Socialista.
Aliás, vê-se que Salvador Cabral funciona em alta velocidade e somar mais uma paróquia (assembleia Municipal) não afectará certamente o seu desempenho.
Tal como não afecta, por exemplo, os que são jornalistas às segundas, quartas e sextas e assessores às terças, quintas e sábados.
"Ser padre implica universalidade e isenção", salientou D. Jorge Ortiga. Aqui tem razão. É um princípio que, apesar de serem poucos (muito poucos) os que o cumprem, deveria ser generalizado a toda a sociedade. Devia, mas não é.
Na Diocese de Braga, o padre Salvador Cabral é o segundo sacerdote a candidatar-se a um cargo político. O presidente da Câmara de Vieira do Minho, Albino Carneiro, é padre e foi eleito pelo PSD nas últimas eleições autárquicas. É o pluralismo a funcionar.
"Aceitei o convite e assumo a candidatura como complemento à minha missão enquanto sacerdote, defensor dos Direitos do Homem e dos Direitos das Crianças, como lutador pela liberdade, igualdade e fraternidade entre os homens, pela justiça social, pela solidariedade e pela paz", referiu Salvador Cabral.
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