quarta-feira, junho 11, 2008

Assim se vê a força dos camionistas

Os camionistas portugueses, embora não estejam a puxar todos para o mesmo lado, conseguem mostrar que podem ser, ao contrário dos 100 mil professores ou dos 200 mil manifestantes indiferenciados, uma verdadeira força de bloqueio.

Lembro que o Governo da Coreia do Sul, criticado na capital por 100 mil pessoas, apresentou a demissão devido às críticas da população a propósito da retoma das importações de carne bovina dos Estados Unidos. É certo que o primeiro-ministro não se chama José Sócrates, mas…

Voltemos aos camionistas. Que eles têm força não restam dúvidas. Só falta saber se estão suficientemente unidos para levar a luta até ao fim. E, quanto a mim, não estão. Para além de algumas brechas já visíveis, o Governo vai descobrir uma saída musculada para os pôr na linha.

Em 1975, embora num outro contexto político e social, vi os camionistas muito perto de paralisarem Angola. Mostraram, tal como fazem agora os portugueses, que eram capazes de parar o país. Como então se dizia, faltou quase para pouco. Tiveram, no entanto, de quebrar porque, entre outras razões, uma espécie de homens que usava farda do Exército português os obrigou a meter a viola no saco.

Hoje, nas ocidentais praias lusitanas, não é previsível que o mesmo tipo de farda volte às estradas para, supostamente em defesa da democracia, dizer que os camionistas serão voluntariamente obrigados a ceder. Não é previsível mas pode acontecer. Aliás, já há por aí outras fardas a mostrar serviço.

Enquanto isso, ninguém se preocupa em saber se este governo é uma solução para o problema ou, como penso que é, um problema para a solução. Seja como for, nada será igual depois desta prova de força dos duros do volante. Sócrates continuará a ser o dono da verdade mas, talvez, os portugueses se apercebam que o que julgavam ser um stradivarius não possa de um violino de lata.

1 comentário:

goiaba disse...

Meia dúzia de camionistas impedem a maioria de circular ... isto é força ? Chamo-lhe mais falta de vergonha e de ética. Sorte que têm um governo de "brandos costumes".