terça-feira, junho 03, 2008

Vida difícil para 100 milhões de africanos?
- Nada de novo na hipocrisia do mundo

O Papa Bento XVI afirma que a fome e a desnutrição são "inaceitáveis" num mundo "com recursos suficientes", na mensagem que enviou aos líderes mundiais presentes na cimeira da FAO sobre segurança alimentar.

Enquanto isso, a escalada nos preços dos produtos alimentares vai tornar ainda mais difícil a vida de pelo menos 100 milhões de africanos dos países mais pobres. As Nações Unidas comparam a situação com o tsunami que há quatro anos fez 220 mil mortos na costa asiática.

Na mensagem, Bento XVI afirma que milhões de pessoas estão com os olhos postos nos líderes mundiais para que encontrem soluções enquanto a segurança da sua própria sobrevivência e dos países a que pertencem estão em risco. O papa afirma que o mundo tem recursos suficientes e "know-how" para pôr termo à fome e às consequências desta e apelou a todas as nações para fazerem reformas estruturais "indispensáveis" que contribuam para o desenvolvimento.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) refere-se ao crescente encarecimento mundial dos alimentos como um "tsunami silencioso" e pede um reforço nas ajudas internacionais para enfrentar aquele que considera "o maior desafio da sua história".

O alerta surgiu num comunicado da directora do PAM, Josette Sheeran, em que afirma que “milhões de pessoas que há seis meses não estavam numa situação de necessidade urgente fazem hoje parte desse grupo".

Josette Sheeram faz um apelo dramático à comunidade internacional, dizendo que a resposta a dar à actual crise deve envolver um movimento semelhante ao que o Mundo colocou em marcha após os trágicos acontecimentos de 2004, quando um tsunami semeou a destruição em 12 países banhados pelo Índico.

Nesse sentido, a directora do PAM pede "uma acção de alto nível e em larga escala" por parte da comunidade internacional. Um apelo semelhante já havia sido desencadeado pelo Banco Mundial, que, durante a sua Assembleia de Primavera, em Washington, sublinhou a urgência de um esforço massivo concertado à escala internacional.

Feito o diagnóstico já a comunidade internacional pode dormir descansada e continuar a ter, pelo menos, três boas refeições por dia. Quanto ao resto, mais milhão menos milhão de mortos, tudo vai ficar na mesma.

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