Não sei se a actual direcção da UNITA escolheu os seus “generais” para a “guerra” eleitoral baseada, como disse o vice-presidente da sua bancada parlamentar, Domingos Maluka, em “critérios rácicos e de intelectualidade”. Sei, contudo, que se Jonas Savimbi fosse vivo, grande parte destes “generais” não passava de “cabos”.
E, para – apesar de tudo - meu penar, não sou o único (longe disso) a pensar assim. Sou, eu sei, dos poucos que publicamente assume esta tese. Tenho, no entanto, recebido testemunhos com chipala e nome, que comprovam queo Estado-Maior da UNITA quer (?) ganhar a “guerra” com “generais” que ao primeiro “tiro” se vão passar para o outro lado da barricada ou, na melhor das hipóteses, levantar os braços e içar um pano branco.
Creio ainda que (esta) UNITA não está preparada para ser governo e quer apenas assegurar alguns tachos e continuar a ser o primeiro dos últimos.
Corre, contudo, o risco de nem isso conseguir. É que o sacrificado povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia, não vê na UNITA a alternativa válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e Samuel Chiwale.
Poderá não votar no MPLA, mas poderá igualmente não votar na UNITA. Por outras palavras, o MPLA será a primeira força política e a UNITA a terceira.
Terá sido para isto que Jonas Savimbi lutou e morreu? Não. Não foi. E é pena que os seus ensinamentos, tal como os seus erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido.
É pena que os que sempre tiveram a barriga cheia nada saibam, nem queiram saber, dos que militaram na fome, mas que se alimentaram com o orgulho de ter ao peito o Galo Negro.
Se calhar também é pena que todos aqueles que viram na mandioca um manjar dos deuses estejam, como parece, rendidos à lagosta dos lugares de elite de Luanda.
Por último, se calhar também é de lamentar que figuras sem passado, com discutível presente, queiram ter um futuro à custa da desonra dos seus antepassados que deram tudo o que tinham, incluindo a vida, para dignificar os Angolanos.
Foto: Chindondo, N’Zau Puna, Jonas Savimbi e Samuel Chiwale (Fevereiro de 1978)
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