O Zimbabwe está a ferro e fogo como pretende o actual presidente, Robert Mugabe. Com eleições marcadas para sexta-feira, o líder da Oposição, Morgan Tsvangirai, refugiou-se na Embaixada da Holanda em Harare e a violência continua.
Morgan Tsvangirai, para além de ter abandonado a corrida à segunda volta das eleições presidenciais, decidiu refugiar-se ma Embaixada da Holanda por razões de segurança. "As instalações do MDC - Movimento para a Mudança Democrática estão a ser assaltadas em todo o país por membros da Polícia que cumprem ordens de Robert Mugabe, os nossos militantes estão a ser presos e mortos em todos os lados, por isso a única alternativa foi refugiar-me, pedir ajuda, para ver se não sou também assassinado", afirmou Morgan Tsvangirai.
Tsvangirai criticou ainda a "passividade da comunidade internacional que ainda não percebeu que criticar Mugabe, lamentar o que se passa, pensar em sanções não leva a lado algum, não garante a democracia nem sequer a sobrevivência do povo".
O próprio MDC, numa posição divulgada na África do Sul, considera que a ideia dos EUA levarem o assunto ao Conselho de Segurança da ONU "deve ser acelerada" porque é urgente que o Mundo "prove a Mugabe que ele não é - embora se julgue assim - Deus e não pode continuar a matar todos os opositores".
Perante a enxurrada de críticas que surgem de todo o lado, Mugabe continua a mobilizar as suas forças (sobretudo policiais e militares) e a garantir que Tsvangirai "não participa nas eleições porque sabe que vai perder", acrescentando que a "sua fuga para a Embaixada da Holanda é uma encenação feita com o apoio do Governo britânico que pretende tomar de assalto o Zimbabwe".
Com este cenário, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, qualificou de "farsa" a democracia no Zimbabwe, explicando que num país "onde o povo teme pela vida só porque quer votar na Oposição a democracia é uma farsa".
Por sua vez o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, exigiu que a comunidade internacional tome medidas urgentes contra o regime do "governo brutal" de Robert Mugabe, recordando que desde 2002, nega vistos aos altos funcionários do Zimbabwe e proíbe os seus filhos de estudarem em universidades do país.
Também o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, considera que pode acontecer o pior, e espera que o Conselho de Segurança "ainda vá a tempo de salvar o país".
Já para o representante de Política Externa e Segurança da UE, Javier Solana, "é inaceitável a campanha de violência e intimidação perpetrada pelas autoridades", razão pela qual afirma que "ninguém pode ficar indiferente à "paródia de democracia em que Mugabe transformou o país".
Por sua vez, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que os EUA "condenam nos termos mais fortes" o Governo de Mugabe pela "campanha de violência", mas como solução apontou "a necessidade de a comunidade internacional pedir explicações" a Mugabe.
"Uma vez que ele renunciou à mais básica das duas obrigações - a protecção do seu próprio povo - o Governo do Zimbabwe deve ouvir a comunidade internacional pedir-lhe explicações", afirmou Rice num comunicado já criticado pelo MDC. "Se Mugabe diz que só Deus pode retirar-lhe o poder, adiantará pedir explicações?", interroga o partido de Tsvangirai.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
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