O administrador comunal da Kapupa, município do Cubal, província de Benguela, é acusado de ter organizado actos de caça às bruxas, espancamentos, maus tratos e tratamentos cruéis dentro da administração da comuna contra os responsáveis da UNITA naquela localidade, por erguerem no seu comité a bandeira da sua organização política, no âmbito da implantação das estruturas partidárias, denunciou hoje, o secretário provincial do partido do «galo negro», Vitorino Nhany.
Em declarações à Voz da América, o dirigente partidário, disse que o administrador comunal da Kapupa, que também exerce a função de primeiro secretário do MPLA na área orientara aos sobas para que retirassem a bandeira da UNITA instalada na aldeia Sangue Kandala, a 28 de Maio do corrente, tendo as autoridades tradicionais organizado cerca de 30 elementos da defesa civil, enquadrados pelo seu comandante e pelo segundo secretário do comité do MPLA da aldeia Nondua Evula.
Estes , por sua vez , começaram com as suas acções de terror as 16 horas do dia 30 de Maio, na aldeia Bongue Kandala, fazendo buscas dos responsáveis deste partido da oposição que foram mais tarde concertados na residência do soba Francisco Fala, onde foram amarrados e torturados.
«Na aldeia Songue Kandala onde foi implantada a estrutura do partido, o grupo da defesa civil iniciou o patrulhamento, tendo sido localizado os dirigentes do comité que são os companheiros Ernesto Chimbaia, João Kamati, Julino Sakuliata e a senhora Inês Kalumbo da LIMA. Puxados da residência fortemente amarrados foram concentrados em casa do soba Francico Kambandi Fala onde foram seriamente espancados.»
Pedro Pomba regedor da aldeia, não foi poupado dado o facto de ter admitido que na sua área se fosse colocada a referida bandeira, tendo sido amarrado fortemente com uma corda de fio fino, penetrante no tecido humano, dificultando a circulação sanguínea e com muita pancadaria à mistura, chegando ao ponto de perder os sentidos.
E como se não bastasse lhe foi retirada também a motorizada que havia recebido do Governo e todos os seus haveres, alegadamente por ter ligações com o partido de Isaías Samakuva.
«Foi amarrado, espancado, foi-lhe retirada a motorizada que lhe tinha sido dada pelo Estado com, digamos, algumas orientações de como ele fosse ter com o presidente Samakuva no sentido de poder receber motorizada, porque aquela lhe tinha sido dada pelo governo do MPLA.»
Foram vítimas quatro dirigentes da mesma formação política que, depois de pernoitarem na casa do soba sob tortura, tinham sido encaminhadas para a administração da comuna, no sentido de serem interrogados.
Uma das vitimas ficou pelo caminho devido ao excesso de pancadaria que recebeu e lhe provocou desmaio, tendo sido abandonado ao relento quase morto.
Na administração, permaneceram amarrados, nas mesmas condições, na presença na presença do administrador comunal e, horas depois, regressaram à casa com a bandeira UNITA.
«Chegados ao administrador João Gumbe, este mandou o seu irmão José Kanguli que com um chicote espancou os companheiros João Kamati e Ernesto Chimbaia que ficaram gravemente feridos. Finalmente, o administrador João Gumbe mandou-lhe de volta com a proibição de ser hasteada novamente a bandeira naquela aldeia, sob pena de acontecer o pior.»
Entretanto, o «galo negro» conclui que a atitude deste governante demonstra que as instituições do Estado estão longe de serem o garante da estabilidade, da reconciliação e da unidade entre os angolanos.
Abordado pela Voz da América, o secretário para a informação do MPLA, em Benguela, Zacarias Davoca, diz não ter conhecimento da ocorrência. Já Veríssimo Sapolo, administrador municipal Cubal e primeiro secretário do MPLA do município mostrou-se indisponível a prestar declarações por se encontrar fora do município, mas prometeu fazê-lo oportunamente.
Fonte: Voz da América
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