O presidente da RENAMO, maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, disse hoje à agência Lusa que o Governo moçambicano deveria encerrar a embaixada do Zimbabué em Maputo, em "sinal de reprovação pela postura ditatorial de Robert Mugabe". Finalmente alguém mostra que os tem no sítio. Não se sabe o que aconteceria se fosse Governo. Mas como não é…
Mugabe foi empossado no último fim-de-semana para mais um mandato de cinco anos como Presidente do Zimbabué, depois de ganhar a segunda volta das eleições presidenciais, em que concorreu sozinho, ignorando apelos para o adiamento do escrutínio, devido à violência eleitoral supostamente patrocinada pelo Governo e ao boicote do líder da oposição, Morgan Tsvangirai, contra a falta de condições para um escrutínio livre e justo.
Dhlakama disse que "o encerramento da embaixada do Zimbabué em Maputo seria uma forma de mostrar ao mundo que o Governo moçambicano não está do lado do ditador, mas sim do povo do Zimbabué, que está a sofrer".
"Os governos da África Austral devem parar de falar, e agir para isolar Mugabe e mostrar solidariedade com o povo do Zimbabué. Devem cortar relações com ditadores como Mugabe", assinalou o líder da oposição moçambicana.
Afonso Dhlakama acusou os líderes da África Austral de "falta de coragem política para enfrentar Robert Mugabe e de não se importarem com o sofrimento a que este tem sujeito o seu povo".
"A atitude dos chefes de Estado da África Austral mostra que não há democracia na região. Eles podem usar qualquer meio para se manterem no poder, é por isso que não criticam abertamente Robert Mugabe", enfatizou Dhlakama.
O líder da RENAMO receia que os líderes da África Austral "copiem os métodos do chefe de Estado do Zimbabué para contrariarem a vontade do povo e permanecerem no poder". "Têm razão os que dizem que eles também podem usar os mesmos métodos. Não têm a coragem de criticar Mugabe, porque também podem recorrer aos mesmos métodos", insistiu o líder da oposição moçambicana.
Afonso Dhlakama voltou a rejeitar a ideia de um governo de unidade nacional no Zimbabué, sustentando que essa via é anti-democrática, porque permite que quem não ganhou continue a governar. "Isso não é democracia. Em democracia - com eleições livres e transparentes -, quem ganha governa e quem perde faz oposição", acentuou Dhlakama.
A FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência do país, há mais de 33 anos, mantém uma forte afinidade histórica com a ZANU-PF, que governa o Zimbabué há 28 anos, desde os tempos em que Robert Mugabe e a liderança da antiga guerrilha desta força política procuraram abrigo em Moçambique, de onde dirigiram a guerra de libertação contra o colonialismo britânico.
Por sua vez, as forças do Governo da ZANU-PF vieram em socorro do Governo da FRELIMO, quando este era acossado pela guerrilha da RENAMO durante os 16 anos da guerra civil moçambicana, protegendo sobretudo o corredor do centro de Moçambique, por onde transita o maior volume do comércio internacional do Zimbabué.
Afonso Dhlakama facilitou o encontro entre o líder da oposição do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, e o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, nos momentos de tensão que se seguiram à primeira volta das eleições presidenciais zimbabueanas do dia 29 de Março.
1 comentário:
Como é que podemos esperar que os os lideres africanos condenem,o Mugabe se olhamos para o lado,não encontramos um unico individuo,que tenha sido eleito democraticamente.Temos na realidade o Mbeki,mas os amigos de longa data tem que se defender uns aos outros e a África de Sul é um verdadeiro fracasso.
No outro dia estava a ver uma reportagem no Soweto e um negro dizia que esperava que o partido dos brancos voltasse ao poder,porque com estes sempre tiveram trabalho,apesar da segregação.
Ao Dhlakama,quando chegar ao poder é que vamos ver se ele fala assim.
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