domingo, junho 08, 2008

Recordando um velho texto sobre Timor

O Administrador Transitório das Nações Unidas em Timor-Leste, Sérgio Vieira de Mello, disse que a independência do território poderá ocorrer no dia do anúncio dos resultados das eleições presidenciais, apontadas para Março ou Abril de 2002.

Na sua última conversa com os jornalistas antes das eleições em Timor-Leste, o diplomata brasileiro reafirmou ainda a intenção de formar, possivelmente ainda antes da tomada de posse da Assembleia Constituinte, o segundo Governo de transição do território.

E quando questionado pela Agência Lusa sobre os comentários da Fretilin de que não aceitará um Governo de unidade nacional, ameaçando até abandonar o executivo para ficar apenas na Constituinte, Sérgio Vieira de Mello aludiu a "retórica eleitoral".

"Numa campanha eleitoral, os excessos de retórica são naturais", disse.

Sem nunca usar o nome da Fretilin e referindo-se ao partido como o que "pensa que vai ganhar", Sérgio Vieira de Mello indicou estar confiante de que não haverá qualquer dificuldade em formar o próximo executivo, visto o partido "defender desde há muito que a sua política seria de inclusão".

"Eu não prevejo nenhuma dificuldade em conseguir um consenso rápido para formar um Governo que integre representantes dos partidos políticos, dos candidatos independentes que sejam eleitos e de personalidades independentes", afirmou. "Vai ser um Governo representante das aspirações do povo timorense. Posso garantir isso", acrescentou.

Virando-se especialmente para o período eleitoral, o Administrador Transitório das Nações Unidas em Timor-Leste recordou que no início do processo alguns questionaram se seria ou não necessário realizar eleições.

"Quinhentos anos depois dos primeiros portugueses aqui terem chegado não é demasiado cedo, pois não?", questionou.

E depois enalteceu o papel dos partidos, dos seus apoiantes e da população timorense, que "deram uma lição de democracia e maturidade política" durante todo o período da campanha.

"Isso pode não fazer manchetes, mas confesso que prefiro não ter manchetes e ter uma situação pacífica", sublinhou.

Segundo Sérgio Vieira de Mello, os resultados das eleições poderão ser conhecidos até 5 de Setembro, reservando-se depois "três ou quatro dias" para eventuais protestos antes do anúncio oficial dos dados finais no dia 10.

Num recado para os jornalistas timorenses presentes, ele apelou para que transmitissem à população a necessidade de "continuar vigilante nos próximos dias", quer durante a votação quer no período de escrutínio dos resultados.

"Sei que não vai ser preciso, mas apelo para que votem em largos números e peço ao povo e à liderança para não se esquecerem do que representou este grande esforço, respeitando os resultados destas eleições", afirmou.

"Este é um voto em que o povo será o vencedor", considerou.O chefe da ONU em Timor-Leste disse não estar preocupado com os próximos dias e que, ainda que planos de contingência tenham sido traçados, o processo eleitoral vai decorrer "de uma forma pacífica e sem problemas".

Esse êxito teria até uma influência importante nos refugiados de Timor-Leste ainda em Timor Ocidental, servindo como "incentivo para que voltem para casa", salientou Sérgio Vieira de Mello, notando que milhares podem atravessar a fronteira depois do anúncio dos resultados.

Aproveitando o facto de nunca ter visto "tantos jornalistas" em Timor-Leste como agora, Sérgio Vieira de Mello pediu que "não se esqueçam de onde se começou" quando a ONU chegou ao território, em Outubro de 1999.

Numa feliz coincidência, a conferência de Imprensa teve de ser mudada do Palácio do Governo para o recentemente reconstruído edifício do Ministério da Educação, no bairro de Vila Verde, na parte oriental da cidade.

"Estão a testemunhar o renascimento da administração pública, das novas estruturas e infra-estruturas e do recrutamento de novos funcionários", salientou o Administrador Transitório das Nações Unidas em Timor-Leste.

http://www.orlandopressroom.com/content/view/81/34/

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