A África “deve assumir plenamente as suas responsabilidades” na crise no Zimbabué, afirmou hoje o presidente da Comissão da União Africana (UA), Jean Ping, na abertura da cimeira da organização, em Charm el-Cheik, Egipto. Seja lá o que isso for, estou de acordo. Mas, é claro, pago para ver.
“A África deve assumir plenamente as responsabilidades que são suas e fazer tudo o que está em seu poder para ajudar as partes zimbabueanas a ultrapassar os desafios” actuais, afirmou Ping durante a abertura da 11ª cimeira da UA, organização que reúne 53 nações.
Ou muito me engano ou, mais uma vez, “fazer tudo” signfica deixar tudo como está, mudando o acessório mas mantendo o essencial.
A UA está a ser pressionada há uma semana por todas as partes a intervir na crise, nomeadamente pelos ocidentais, que consideraram a reeleição de Robert Mugabe como presidente do Zimbabué uma “farsa” e pediram à organização para rejeitar qualquer legitimidade ao regime.
Robert Mugabe, cuja reeleição foi considerada ilegítima pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, entrou na sala da cimeira acompanhado por vários pares, incluindo o anfitrião do encontro, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, segundo as imagens transmitidas no exterior do palácio de congressos.
Alguns líderes africanos têm-se mostrado renitentes em criticar Mugabe e têm apenas apelado para o diálogo entre o presidente e a oposição.
Nem mais. Diálogo é o que é preciso para que tudo continue na mesma, ou seja que os poucos que têm milhões continuem a ter mais e mais milhões, e que os milhões que nada têm multipliquem por milhões a sua situação.
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