A eurodeputada portuguesa Ana Gomes disse hoje na capital angolana que são “legítimas” as dúvidas que foram levantadas por partidos políticos e organizações da sociedade civil sobre a votação em Luanda.
Ana Gomes, que integra a missão de observação eleitoral da União Europeia nas segundas eleições multipartidárias de Angola realizadas ontem, e hoje apenas em Luanda, adiantou à Lusa que há situações ocorridas durante a votação em Luanda que permitem “duvidar da desorganização” que o processo teve.
“Luanda destoa claramente do resto do país”, afirmou Ana Gomes, que apontou as restantes 17 províncias como palco de eleições bem organizadas e com uma “forte participação” dos eleitores que “indicia que os angolanos querem a democracia e o desenvolvimento do seu país”.
A eurodeputada portuguesa, que sublinhou falar apenas em seu nome (pudera!, ai o Sócrates!), em função do que observou e das informações que recolheu, que “é lícito que se exija saber o que realmente se passou efectivamente em Luanda”.
Sobre o processo de impugnação das eleições em Luanda iniciado pela UNITA hoje junto da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Ana Gomes afirmou que “pode apenas dizer que a desorganização foi bem organizada”, porque o resto “devem ser os angolanos a analisar em conjunto”.
Como exemplos para o que no seu entender “correu bastante mal”, Ana Gomes descreveu a impossibilidade a que foram sujeitos “mais de 300 observadores” da sociedade civil angolana em presenciar o escrutínio.
“Isto, quando, à última da hora, foram credenciados 500 observadores por organizações que se sabe serem muito próximas do MPLA”, afirmou. “Parece que alguém não quis que as eleições fossem observadas por pessoas independentes”, acusou.
Outro dos pontos sublinhados por Ana Gomes é o facto de “as eleições em Luanda terem decorrido sem a presença de cadernos eleitorais nas assembleias de voto”, anotando que “isto - a falta de cadernos eleitorais - não pode ser apenas desorganização”.
Elogiando a participação dos eleitores angolanos, Ana Gomes considerou que isso “constitui uma mensagem claríssima” de que estes querem a democracia e o desenvolvimento.
Preconiza que seja “encontrada a melhor solução” para que se possa salvar a “verdade” eleitoral porque “só Luanda destoa” da forma ordeira e com civismo como decorreram as eleições no restante país.
Colocada em Cabinda durante a votação, Ana Gomes disse ter ali observado “tentativas grosseiras” por parte de elementos do MPLA em “condicionar os eleitores”, mas frisou que “isso não coloca em causa a forma ordeira e bem organizada” com a eleição decorreu no território ocupado por Angola.
1 comentário:
Aliás, quanto a este "território ocupado por Angola", não nos esqueçamos que lá estão estacionados 1 angolano (militar ou equiparado) para cada 2 cabindas genuinos.
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