A ONU, ao contrário do que é habitual noutras situações, foi célere a desmentir, a partir de Kinshasa e de Nova Iorque, a presença de soldados angolanos na República Democrática do Congo. Tão célere que meteu as mãos pelos pés.
Enquanto o porta-voz da Missão das Nações Unidas na RD Congo (MONUC), Madnodje Mounoubai, se limitou a dizer que era mentira, reduzindo o âmbito da sua afirmação à região de Goma, capital do Kivu-Norte, o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Alain Le Roy, foi ao pormenor de explicar que a confusão se deveu ao facto de os soldados congoleses terem tido preparação militar em Angola e, por isso, falarem português.
Não está mal, sendo que o francês Alain Le Roy se esqueceu que não estava a falar para Sarah Palin para quem África era um país ou para Sílvio Berlusconi que considera Barack Obama muito bem bronzeado.
Com que então, as capacetes azuis que contaram à Associated Press que havia militares angolanos na luta contra o general tutsi Laurent Nkunda foram enganados porque, embora congoleses, os militares de Joseph Kabila falavam português?
E, certamente, falavam em português não só para praticar a língua de Fernando Pessoa mas, igualmente, para despistar as escutas de Nkunda. Isto é que é uma tropa sabida.
A ONU não explica se eram apenas os comandantes, congoleses obviamente, que falavam o português ou se também eram os soldados. Se calhar era bom averiguar, sobretudo para se saber que há mais uns quantos cidadãos, desta feita congoleses, para juntar aos 220 milhões que em todo o mundo falam português.
Cá para mim, os capacetes azuis que deram com a língua nos dentes, revelando afinal que todos já sabíamos, terão visto um comandante congolês com um computador Magalhães (o tal que José Sócrates diz, passando-nos um atestado de estupidez agravada, ser “made in Portugal” e o primeiro Tintim ibero-americano) e, vai daí, calcularam que era um general angolano.
Foi isso. E como a ONU também gosta de gozar com a nossa chipala, resolveu pegar no Magalhães e mandar passar o mesmo atestado de estupidez agravada de que é autor o primeiro-ministro (que também fala português mas não é congolês) José Sócrates.
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