Faculdade de Ciências Agrárias do Huamboforma o primeiro veterinário do pós-guerra

A Faculdade de Ciências Agrárias de Angola, localizada na província do Huambo, acaba de licenciar o seu primeiro médico veterinário, no período pós-guerra. Trata-se de Hermenegildo Lucas Justino Chiaia, de 27 anos de idade.

O licenciado adquiriu o grau de médico veterinário, depois de cinco anos de formação teórico-prática, sendo o primeiro de um grupo de 43 candidatos ao grau de licenciatura no ramo pecuário.

Ligado a área da produção animal, o especialista licenciou-se com o trabalho “Caracterização dos Caprinos Autóctones (Capra Hircus) do Caraculo”, que mereceu do júri, integrado por técnicos nacionais e estrangeiros, a nota de 19 valores.

Hermenegildo Chiaia, que busca um lugar no mercado de trabalho, ingressou na Faculdade de Ciências Agrárias, curso de Medicina Veterinária, em 2004.

Falando à Angop, o especialista explica que a escolha do tema resultou de uma visita de campo à província do Namíbe, onde encontrou condições de investigação na Estação Zootécnica de Caraculo, uma região potencialmente criadora de caprinos e ovinos.

Incentivar a conservação dos recursos locais, para dar sustento aos pequenos criadores, é um dos principais objectivos desta caracterização das raças de caprinos autóctones.

Hermenegildo Chiaia manifestou o desejo de continuar a trabalhar no ramo da investigação, abrangendo a caracterização genética e sensos populacionais, bem como contribuir para a análise do estado das espécies animais locais.

Para o coordenador do curso de Medicina Veterinária, da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Joaquim Morais, foi difícil dar formação prática a este primeiro grupo, pois o país vinha de uma guerra que destruiu todas as infra-estruturas do Instituto de Investigação Veterinária.

"Fomos envidando algum esforço e hoje vê-se o resultado", referiu, acrescentando que a cooperação cubana tem sido óptima na formação teórico-prática dos estudantes e o seu engajamento na preparação dos trabalhos de fim de curso é válido.

Actualmente, o curso conta com 24 docentes, entre angolanos e estrangeiros, mas há "ainda carências de professores, principalmente na disciplina de Fisiologia Animal. Esta cadeira é fundamental e requer muito conhecimento de base", segundo Joaquim Morais.

Laboratórios e clínicas de anatomia, fisiologia, patologia, bioquímica, histologia, virologia, reprodução animal, cirurgia e bacteriologia faltam, igualmente, para o reforço da actividade prática no curso de Medicina Veterinária na FCA.

Já o vice-reitor da Universidade Agostinho Neto para o Centro Universitário do Huambo e Bié, Armando Valente, diz que esta é uma recompensa pelos esforços e investimentos do governo angolano, pois o país conta com vários recursos animais e poucos especialistas, tanto para os animais domésticos, quanto para os selvagens.

"O jovem mostrou estar bem preparado e esperamos que as autoridades da Faculdade de Ciências Agrárias apoiem os candidatos, para que as defesas dos trabalhos decorra de forma célere. Apresentemos ao país um relatório de prestação de contas, pois tem sido grande o investimento do Estado na formação de quadros", expressou o agrónomo.

O pai do recém formado, Elias Chiyaya, de 50 anos de idade, mostrou-se satisfeito e afirmou que tudo fará para que os restante seis filhos sigam a mesma perspicácia na formação, pois “só formados poderão ajudar o país e a família a desenvolver-se”.

"Eu estou desempregado e sempre acreditei num futuro de sucesso profissional para o meu filho, tenho fé em Deus que com esta formação virão frutos", afirmou.