quinta-feira, junho 04, 2009

E assim se vê a força que o CDS não tem

O eurodeputado português do CDS-PP Ribeiro e Castro defendeu hoje que o partido perdeu a "oportunidade de reengrenagem" das questões europeias, ao exclui-lo da lista às eleições de domingo, uma opção embora "lógica e perfeitamente natural".

Não vejo onde está a lógica e a naturalidade de uma opção política que me parece suicida. Se calhar é por estas e por outras que o CDS corre o risco de deixar de ser o partido do táxi para ser o da bicicleta.

Em declarações à agência Lusa, o antigo presidente democrata-cristão sustentou que teria feito sentido ser cabeça-de-lista do CDS-PP às Europeias, já que era "uma oportunidade de reengrenagem, de assegurar a continuidade de dossiês".

Confrontado com a exclusão do seu nome da lista, o eurodeputado advogou tratar-se de uma decisão "lógica, perfeitamente natural", no contexto da actual direcção do partido, liderada por Paulo Portas, que "representa outras ideias, outro estilo, outra estratégia".

"Gera-me alguma preocupação que fiquem temas perdidos", referiu, apontando as questões da "valorização das relações com África e com o Brasil" e a defesa do Português como "Língua da Europa".

Ribeiro e Castro, que falava em Lisboa antes da apresentação do seu livro "Mandato Português, Mandato Europeu - 9 anos de Fotografia", considerou "previsível" a eleição de dois eurodeputados do CDS-PP, mas "mais difícil" a eleição de três, como tem pedido o partido.

Sobre a possibilidade de integrar uma lista às Legislativas, que se realizam também este ano, o eurodeputado respondeu, evasivo, que "não faz sentido falar dessas eleições a tanta distância".

Contudo, enfatizou: "Não sirvo para estratégias de aconchego ao Governo de Sócrates".

Acerca da campanha eleitoral, Ribeiro e Castro sustentou, visando os cinco principais partidos, incluindo o CDS-PP, que tem havido "uma disputa sobre a política nacional, excessiva, negativa".

"Independentemente dos resultados, o País sai a perder", frisou, criticando a omissão na campanha do debate sobre a crise económica, o Tratado de Lisboa, as perspectivas de financiamento comunitário para 2014-2020 e a reforma da Política Agrícola Comum.

"Pouco ou nada se disse sobre isso", defendeu, sublinhando que "o desconhecimento das pessoas" sobre as eleições europeias "contribui para a abstenção".

"Nos comícios da campanha europeia é preciso falar do que cada um [partido] pretende fazer no Parlamento Europeu, quais são as suas prioridades", reforçou.

Foto: José Eduardo Agualusa e Ribeiro e Castro no Parlamento Europeu

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