Quando em Novembro de 2001 a rapaziada do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, resolveu escolher a parte errada do conflito em Angola, tomando as dores do MPLA e não as dos angolanos, escrevi que as Nações Unidas em vez de trabalharem para os milhões de angolanos que têm pouco (ou nada), preferiu lamber as botas aos poucos que têm milhões.
Não sei se hoje as coisas são diferentes. De qualquer modo, cá estamos para ver, sem fazer fé nos que de cá vão para lá só para ver o que o manual do MPLA manda ver.
Nessa altura o malogrado sub-secretário-geral das Nações Unidas, Ibrahim Gambari, descobriu que as balas da UNITA só conseguiam matar civis e que, pelo contrário, as do MPLA só matavam os militares das FALA.
Ainda hoje não sei como é que o MPLA tinha e tem armas que distinguem os alvos: se for militar... acertam, se não for... desviam. Mas é certamente uma lacuna na minha parca formação militar.
Numa reunião do Conselho de Segurança sobre Angola, Ibrahim Gambari, sustentou que a UNITA era o "primeiro responsável pela continuação do conflito" em Angola. E tinha razão, reconheço.
Reconheço, aliás, com satisfação. Não fosse a determinação de Jonas Savimbi (entre muitos outros, refira-se) e Angola seria hoje, tal como o é Luanda, um pantanal de políticos corruptos onde impera a ditadura dos senhores todo poderosos do MPLA que, à custa dos dólares, compram a subserviência de meio mundo.
"Assim sendo, o Conselho de Segurança tem a responsabilidade de agravar as sanções impostas à UNITA", de forma a forçar o movimento do Galo Negro "a abandonar a violência e a abraçar o processo de paz", defendeu então Gambari, conselheiro especial para Angola do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Nessa altura (será que hoje é diferente?) a ONU mostrou que tinha dois pesos e duas medidas. Luanda podia (será que agora não pode?) fazer o que muito bem entendia e, por isso, praticar o terrorismo que melhor se enquadra nos seus objectivos. É o que as Nações Unidas consideravam terrorismo bom. Já a UNITA não podia reagir, não podia defender-se. Porquê? Porque tinha o exclusivo do terrorismo mau.
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