O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, apelou hoje, em Saurimo, Lunda Sul, a todos os angolanos, em idade de o fazer, que votem nas eleições legislativas de Setembro. Só é pena que os apelos e postura do presidente não sejam seguidos pelos correligionários do seu partido, o MPLA.
A estratégia até é aceitvável. Olhai para o que eu digo e não para o que nós fazemos. Vejam-se, entre outros, os exemplos de Kundy Paihama («Angola do MPLA onde os cães do ministro comem mais e melhor do que 68% do Povo»), Manuel Rabelais («Rabelais verifica prontidão das tropas»), João Miranda («Cai a máscara de Angola em relação ao grande amigo do MPLA, Mugabe»), Faustino Muteka («MPLA vai passando atestados de menor idade julgando que barriga vazia significa burrice»), Higino Carneiro («As pontes e as estradas do... MPLA») ou Roberto Leal Monteiro («Entre Roberto Leal Monteiro e Pahiama venham as hienas e morram contaminadas»).
“No dia 5 não faltem, estejam nas assembleias de voto para escolherem o partido do coração e contribuírem, assim, para o reforço da nossa democracia”, disse Eduardo dos Santos, acrescentando esperar que a “escolha seja acertada“, para que o povo angolano, como vencedor, eleja o partido garante de um futuro melhor para todos.
A mensagem é de facto bonita e quero acreditar que é sincera. Pena é, repito, que o presidente não obrigue os seus homens a fazerem o mesmo. Mas como é que os poderá obrigar se a estratégia do MPLA é mesmo essa. Mostrar o que não é, para enganar meio mundo.
Ao falar do início de uma nova era, com a escolha de novos deputados e a formação de um novo executivo, Eduardo dos Santos apelou à disponibilidade de continuar-se "a trabalhar como até aqui” (sempre são 33 anos de poder do MPLA) e “a dar também apoio ao governo, para que continuemos o nosso processo de reconciliação nacional, de reconstrução nacional e tenhamos um país cada vez melhor para todos”.
Registem-se as palavras. Elas normalmente voam, mas quando escritas são eternas e estimulam a memória.
É claro que, ou não se estivessem em eleições, o presidente inaugurou a barragem hidroeléctrica do Chicapa e falou também da reabertura da via rodoviária entre Luanda-Malange-Saurimo, cuja reconstrução permitirá que as populações da Lunda Sul, e do leste do país, em geral, beneficiem, com mais rapidez, do envio de mercadorias, do material de construção, “enfim tudo o que é necessário para que a província possa começar a acelerar a seu ritmo de desenvolvimento e, sobretudo, o de reconstrução nacional”.
... e “só” lá estão há 33 anos.
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