O MPLA não gosta rigorosamente nada da campanha eleitoral que a UNITA tem no terreno. Isso significa que a equipa do Galo Negro está a fazer tiros certeiros. Embora não goste, o MPLA não assume e manda os sipaios de serviço, na circunstância o Jornal de Angola (JA), passar o recado.
Aliás, por alguma razão o Observatório Político e Social de Angola (OPSA) acusou os órgãos de comunicação social estatais angolanos de se posicionarem "de forma clara" ao lado do partido no poder, o MPLA, num relatório sobre as eleições legislativas do próximo dia 5.
Diz o JA muito indignadado (a indignação é proporcional ao que o patrão, o MPLA, paga aos servis fazedores de textos) que “se o partido do Galo Negro tivesse assinado a paz há 12 anos ou simplesmente tivesse respeitado os resultados eleitorais de 1992, o estado do país e da habitação eram seguramente melhores”.
É verdade e nem o militante do “peixe podre, fuba podre, 30 angolares e porrada se refilares” (Rui Mingas) diria melhor. Aliás, se a UNITA tivesse ficado quietinha em 1975, Angola seria hoje o que o MPLA sempre quis, uma colónia russo-cubana.
É verdade. Se a UNITA tivesse engolido pura e simplesmente a fraude de 1992, o país do MPLA (Angola, é algo muito diferente) estaria calmo e sossegado, com a UNITA a panhar café nas fazendas do Norte.
Diz o JA, em mais uma brilhante e inequívoca demonstração da sua independência, que “a UNITA provocou milhões de desalojados e refugiados. Muitos desses cidadãos foram para Luanda ou outros centros urbanos e aí se acomodaram em condições precárias. Quem provocou o desastre diz que os outros são desastrados. E é um sinal de profunda hipocrisia passar a mensagem de que “eles tiveram 33 anos para fazer e não fizeram”.
Aí está. A culpa nunca é do MPLA, o tal que durante 33 anos esteve no poder, construiu fortunas para os seus mais íntimos, utilizou as imensas riquezas do país em proveito próprio, mantendo 68% da população na miséria. Não. A culpa é dos outros.
Segundo o JA, correia da transmissão do MPLA, também pago com o dinheiro que deveria ser para matar a fome a milhões de angolanos, o MPLA "Fez muito. Até há seis anos, investiram tudo, até milhares de vidas, para impedir a destruição de Angola como país livre e independente. Infelizmente, as feridas ainda estão aí, a céu aberto”.
O JA faz bem em continuar esta campanha pró-MPLA. É que, ao contrário do que pensam os donos da verdade, o Povo não é burro e, mesmo sendo obrigado a pensar mais com a barriga do que com a cabeça, sabe distinguir entre os que lutaram em prol de alguns angolanos e os que lutaram em prol de todos os angolanos.
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