Os trabalhadores de "O Primeiro de Janeiro", despedidos no passado dia 30 de Julho, continuam sem receber os salários em atraso e o subsídio de férias prometido pela então directora, Nassalete Miranda, antes da dissolução daquele órgão.
Em causa estão parte dos salários do mês de Junho, o mês de Julho e o subsídio de férias, o que significa que alguns jornalistas dos quadros, com salários mais elevados, estão há três meses com apenas um ordenado mínimo.
Em comunicado enviado às redacções, os jornalistas "despedidos ilegalmente", como assinam o documento, explicam que "o último depósito feito pela administração do [jornal] centenário nas contas bancárias dos 34 jornalistas e dos três funcionários administrativos foi feito no dia 24 de Julho, quando passava já quase um mês sobre a data prevista.
No mesmo comunicado pode-se ler que, pelo menos três colaboradores do jornal, que não tinham contrato de trabalho e foram despedidos por essa altura, continuam sem receber os honorários pelo trabalho realizado nesse mês".
"Há 32 dias sem pôr a vista em dinheiro, e tendo de fazer face às despesas do quotidiano, os 34 jornalistas e os três administrativos estranham a ausência de medidas por parte das instâncias competentes, e lamentam que o caso - de índole criminosa, praticado por um empresário ligado a diversas fraudes e há poucos meses condenado por ter enganado o Estado - comece a cair no esquecimento das autoridades e da opinião pública", refere o documento.
Em declarações à Lusa, Carla Teixeira, uma das jornalistas despedidas do "Janeiro", contou que o sentimento da antiga redacção do diário matutino "é de frustração por saber que nos devem e que estamos a passar dificuldades porque alguém se está a furtar a cumprir com as suas obrigações e porque o Eduardo Costa não está, com certeza, a passar dificuldades".
Em tom de desabafo, Filinto Melo, jornalista despedido de "O Primeiro de Janeiro", escreve no blogue dedicado àquele diário estar "há setenta e quatro dias sem ingerir um salário por inteiro". "Para além, disso, companheiros, há já trinta e nove dias que não toco mesmo em pinga de dinheiro colocado na minha conta", lamenta.
O jornal "O Primeiro de Janeiro" suspendeu a sua publicação no passado dia 1 de Agosto, após o despedimento colectivo de toda a redacção (34 jornalistas e três administrativos), regressando às bancas no dia 4 de Agosto pela mão de Rui Alas, ex-director do suplemento desportivo daquele órgão, e quatro jornalistas do mesmo suplemento.
A anterior directora do jornal, Nassalete Miranda, tinha anunciado no dia 31 de Julho que "O Primeiro de Janeiro" cessaria a sua publicação durante o mês de Agosto "para modernização em termos gráficos e de conteúdo".
Durante vários dias os trabalhadores despedidos colectivamente reuniram-se frente à antiga redacção do "Janeiro", na rua Coelho Neto, para manifestar o seu descontentamento, recebendo a visita e o apoio de vários partidos políticos.
Recorde-se que gestor do diário "O Primeiro de Janeiro", Eduardo Costa, foi julgado em Abril de 2003, em Oliveira de Azeméis por forjar uma publicação e burlar o Estado com o porte-pago.
Em Março de 2008 parte do julgamento foi repetida, condenando Eduardo Costa a uma pena de prisão de dois anos e seis meses, suspensa por um ano, por fraude na obtenção indevida de subsídios por parte do Estado, através do jornal "Recortes da Província".
Notas: Texto integral da Lusa e foto de Paulo Ricca, do «Público», afanada do http://mentedespenteada3.blogspot.com/
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