O presidente UNITA, Isaías Samkuva, disse hoje em Luanda, num discurso que marcou o arranque oficial da campanha eleitoral em Angola, que "a corrupção está institucionalizada no país". É assim, mesmo, Presidente. Os angolanos merecem conhecer a verdade, doa a quem doer.
Isaías Samakuva defendeu que, "para inverter o quadro" de "corrupção institucionalizada" no país é necessária "uma mudança de regime", sublinhando que o seu partido é o que está melhor posicionado para essa tarefa.
Finalmente o Galo começa a voar. Finalmente os angolanos começam a saber que têm uma alternativa credível e capaz de, entre outras coisas, tornar os ricos menos ricos e os pobres menos pobres.
Numa cerimónia marcada pela presença de cerca de 400 pessoas, entre militantes e simpatizantes do partido, Samakuva considerou que, "os grandes problemas nacionais são a exclusão social, a pobreza, o desemprego, o sistema de educação e a corrupção".
Ou seja? Tudo. Tudo o que o MPLA não conseguiu fazer, mesmo estando no poder desde 1975.
O líder da UNITA lembrou que mais de 68 por cento da população angolana vive na "pobreza extrema" e que a taxa de analfabetismo está estimada em 58 por cento em contraste com a média africana que é de 38 por cento.
São números que envergonham Angola mas que não se devem esconder. São números que mostram como para o MPLA há filhos e enteados, como para o MPLA há angolanos de primeira e de segunda.
Samakuva assinalou que entre 1997 e 2001, Angola consagrou à educação uma média de 4,7 por cento do seu orçamento, quando a média dos países que integram a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) foi de 16,7 por cento. É assim mesmo. Não há que temer dizer as verdades.
"Para além de limitados, esses recursos enfermam também de iniquidade na sua distribuição, sendo que para o litoral Angola disponibilizou 15 dólares per capita, enquanto no interior, cifrou-se em cinco dólares, o que é uma política discriminatória que resulta da cultura de exclusão", frisou.
Exclusão, acrescente-se, direccionada para todos aqueles que ousaram pensar de forma diferente da verdade oficial, da verdade do MPLA.
Quanto ao sistema de saúde, referiu que Angola disponibiliza apenas três a quatro por cento do seu orçamento para o sector e que a malária continua a ser a principal causa de morte dos angolanos, seguindo-se a tuberculose, desnutrição, tripanossomíase (doença do sono) e hipertensão. Ou seja, os angolanos estiveram entregues à bicharada de quem tem os dólares e, neste caso, não de quem tinha a de os distribuir.
"Angola, ao invés de um Estado de direito, tornou-se num Estado patrimonialista, mal governado, com um baixo índice de desenvolvimento humano, onde os jornalistas ainda são presos", disse Samakuva numa intervenção que arrasa de uma ponta à outra as aldrabices do poder que comanda Angola desde 1975.
Ainda no domínio da economia, apontou que esta continua a crescer, mas "mal" quer na estrutura da produção interna, quer na distribuição da riqueza nacional. A título de exemplo, o sucessor de Jonas Savimbi na liderança da UNITA sublinhou que mais de 80 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) é produzido por estrangeiros e mais de 90 por cento da riqueza nacional privada "foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5 por cento de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos".
Ou seja, poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada.
"A política económica em curso não garante a integração digna da juventude na sociedade, nem lhe assegura o primeiro emprego e não promove o desenvolvimento descentralizado do território", considerou Samakuva numa radiografia que mostra como rei vai nu.
O presidente da UNITA denunciou ainda que o acesso à "boa" educação, aos condomínios privados, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, grandes negócios e licitações de blocos petrolíferos está limitado a um grupo "muito restrito" de famílias ligadas ao regime no poder.
O Galo Negro está mesmo com toda a garra para vencer esta batalha. Assim o seu grito chegue aos angolanos.
"O povo está melhor colocado para operar a mudança, porque é ele que sofre todos os dias, não tem casa, emprego e comida", disse Samakuva numa demolidora intervenção que abre novos horizontes a um povo que, com o MPLA, é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com fome.
1 comentário:
Boa Tarde,
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