A comunicação social portuguesa está, com toda a legitimidade inerente ao facto de ser cada vez menos comunicação e cada vez mais comércio, a dar ao processo eleitoral angolano o destaque que entende. Nuns casos nenhum, noutros nada, em alguns zero e noutros alguma coisinha.
Em bom português (também este cada vez menos bom) dir-se-á que cada um sabe de si e que o poder económico (mais do que o político) sabe de todos. Sem razão, estou em crer, há também quem diga que nas ocidentais praias lusitanas, no que a esta questão respeita, há a mão (ou será que disseram dólares?) do MPLA, da Sonangol, do clã Eduardo dos Santos (são tudo sinónimos).
Seja como for, em Angola ou em Portugal, os jornalistas que tiverem a lata de querer dar voz a quem a não tem, correm o risco de terem acidentes estranhos e até de chocarem contra alguma bala (obviamente perdida).
Tem-se falado no recrutamento pelo MPLA de mercenários da imprensa em Portugal para, em Luanda, ajudarem a silenciar uns tantos e a manter no poder os que já lá estão há 33 anos. Será? Claro que não. Basta ver o destaque que a Imprensa lusa tem dado às eleições em Angola. Nuns casos nenhum, noutros nada, em alguns zero e noutros alguma coisinha.
Dizem-me (o que obviamente é mentira) que o MPLA/Governo de Eduardo dos Santos contratou mercenários da imprensa para, em Portugal, ajudarem a silenciar uns tantos que teimam em ser livres e que se julgam no direito de criticar a governação de um país que é paradigma da democracia e que, aliás, foi elogiada pelo próprio primeiro-ministro de Portugal.
A provar que nada disto é verdade, e para citar o mais recente exemplo que é do meu conhecimento, veja-se o destaque dado pela imprensa portuguesa ao lançamento, ontem, em Lisboa, do livro «O Problema de Cabinda Exposto e Assumido à Luz do Direito e da Justiça», da autoria do advogado Francisco Luemba (nuns casos nenhum, noutros nada, em alguns zero).
Para melhor comprender a cabala contra o insigne MPLA pergunto:
Porque razão grande parte da imprensa portuguesa tem supostos especialistas em assuntos angolanos que, afinal, só conseguem descrever o que vem nos manuais do MPLA e que são distribuídos nas recepções dos hotéis de cinco estrelas de Luanda?
Porque razão grande parte da imprensa portuguesa veta (é óbvio que por “razões” legais, funcionais e uns tantos outros ais) os Jornalistas que querem escrever sobre a outra face do Governo de Luanda?
Porque razão os portugueses são obrigados a comer as verdades oficiais do Governo de Luanda sem que, em Portugal, se diga, mostre e prove (o que não é nada difícil) que a ditadura de Eduardo dos Santos só interessa aos poucos que têm milhões e não aos milhões que têm pouco ou nada?
Na minha opinião, o MPLA domina (por força do dinheiro com que compra quase tudo e quase todos) grande parte da imprensa portuguesa. Não por dominar as empresas jornalísticas mas, isso sim, por ter nas mãos alguns mercenários que estão em estratégicos postos de comando.
Mercenários bem pagos (é claro!) e que quando vão a Luanda (à Luanda de Eduardo dos Santos e de José Sócrates, que não à do Povo) ficam nos melhores hotéis, comem do melhor, bebem do melhor e até têm das melhores companhias.
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