Nas acções de campanha eleitoral em Angola, MPLA e UNITA seguem duas estratégias diferentes de apelo ao voto. O primeiro usa as ideias de poder e a segunda o poder das ideias.
O MPLA sabe que 58% da população é analfabeta e que 68% vive na miséria, pelo que faz afirmações do género: “Nós sabemos em quem vocês vão votar”.
Explica o MPLA que a frase quer dizer que sabem que os angolanos vão votar nele.
Acontece, contudo, que os tais 58% de analfabetos (decisivos nas eleições) interpretam a afirmação com uma outra certeza: “Se votar noutro partido o MPLA vai saber em quem votei”.
Assim sendo, pensam que o melhor é mesmo votar no MPLA que, para além de tudo, sempre lhes pode dar (aos 68% de pobres) “peixe podre, fuba podre” e uns tantos kwanzas.
Para contrariar esta eficaz estratégia do MPLA, a UNITA insiste (e bem) na mensagem de que o voto é secreto e que ninguém saberá quem votou em quem.
Acresce que se a estas duas variantes (miséria e analfabetismo) se juntar a poder económico, financeiro e político de quem está no poder há 33 anos, o MPLA tem tudo para enganar os angolanos e, dessa forma, ganhar as eleições.
A favor do MPLA joga ainda o apoio institucional (pelo menos este) da comunidade internacional, nomeadamente dos países mais ricos, para já não falar do que é dado pelo governo português.
É basilar que é mais fácil negociar com um país rico quando ele é governado por um partido corrupto, do que quando ele é gerido por um partido sério num regime verdadeiramente democrático.
No caso de Angola, os empresários grandes (que não os grandes empresários) preferem negociar com o MPLA até porque, reconheça-se, partido e estado são uma e a mesma coisa, o que simplifica o processo de corrupção.
Sem comentários:
Enviar um comentário