
Um dia destes encontrei dois “velhos” colegas de profissão que já não via há uns anos. Um disse-me que já não era jornalista, mas que trabalhava como tal num Jornal. O outro disse-me que mudara de profissão e que, agora, era director... de jornais.
Perante a minha, certamente visível, incredulidade, os dois fizeram-me a mesma pergunta: “E tu continuas com a mania de ser jornalista 24 horas por dia?”
Reconheço, embora não a altere, que esta é uma máxima cada vez menos utilizada e, até, menosprezada por muitos, tenham chegado há pouco a esta profissão ou vagueiem há muito pelas redacções.
Os jornalistas portugueses tendem a ser forçados a obedecer às regras da oferta e da procura. Mais do que informar, mais do que formar, têm de ajudar a vender políticos, empresários, sabonetes e comida para rafeiros.
Os jornalistas têm a sobrevivência no fio de uma navalha (veja-se o mais recente caso de “O Primeiro de Janeiro” e preparemo-nos para ver mais alguns) que é manipulada por sipaios acéfalos que tudo fazem para agradar aos chefes do posto.
E porque, naturalmente, todos queremos sobreviver e ter uma vida digna, a quase todos os que ainda têm coluna vertebral resta deixá-la em casa e integrar as linhas de montagem que não precisam de Jornalistas. Apenas precisam de autómatos. E desde que estes façam tudo o que o dono do poder quer, até poderão ostentar a designação profissional de jornalista... ou de director.
Enfim: enquanto uns preferem ser salvos pela crítica outros, cada vez mais, preferem ser mortos pelo elogio.
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