quinta-feira, novembro 06, 2008

Conflito na RD Congo pode
tornar-se numa guerra regional

A crise humanitária e a continuação dos confrontos militares na República Democrática do Congo justificam, segundo analistas angolanos ouvidos pela Lusa, uma intervenção "forte" de Luanda para apoiar Joseph Kabila.

Os confrontos entre a milícia Mai-Mai, aliada do Governo congolês, e os rebeldes tutsis do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP). liderados pelo general Laurent Nkunda, continuaram ontem em Rutshuru, na província congolesa de Kivu Norte.

As hostilidades no leste do país voltaram ontem em grande força, tendo inclusive no meio dos confrontos os funcionários da ONU que chegaram à região com o primeiro comboio de ajuda humanitária para os 250 mil deslocados concentrados na zona de Kiwanja.

Soldados uruguaios e indianos dos capacetes azuis da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) tiveram ontem de usar a força para resgatar 12 membros da missão humanitária que estava na área de Kiwanja, a dois quilómetros de Rutshuru, tomada pelos rebeldes tutsis em 26 de Outubro.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou entretanto que três campos de refugiados, perto de Rutshuru, tinham sido destruídos, causando a fuga de mais de 50 mil pessoas.

Os rebeldes da CNDP denunciaram a presença de soldados zimbabuanos e angolanos na província de Kivu Norte, o que a ser verdade ameaça transformar este conflito numa guerra regional. Além disso, o chefe do contingente militar uruguaio da ONU em Kivu Norte, general Jorge Rosales, afirmou que os seus soldados foram atacados por tanques ruandeses, o que sustenta a acusação de que Ruanda apoia os rebeldes.

Sobre as acusações a Angola, alguns analistas angolanos disseram à Lusa que essa situação é "incontornável". Graça Campos, director do "Semanário Angolense", diz que Luanda só aguarda pelo "apoio formal" da comunidade internacional para enviar militares em apoio de Joseph Kabila.

Por seu lado, Nelson Pestana "Bonavena", professor universitário, lembra que "Angola é parte integrante da solução do conflito na RDC ongo" frisando que Luanda "faz parte do sistema de sustentação de governação" daquele país.

"Angola é um aliado natural e forte de Kabila, pois tem participado em todos os processos de pacificação, na procura de entendimentos, e, obrigatoriamente, tem de participar nesse processo", afirmou Nelson Pestana.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1039857

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