O início oficial das perseguições aos judeus na Alemanha começou há 70 anos, a 9 de Novembro de 1938, com a destruição de sinagogas, lojas e casas pelas tropas de Hitler, data que é assinalada domingo.
Em Berlim realiza-se uma cerimónia solene no Bundestag (Parlamento alemão), com a participação das mais altas figuras do Estado e na qual discursarão a chanceler Angela Merkel e a presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Charlotte Knobloch.
A dirigente judaica ainda assistiu à chamada «Noite de Cristal» e à devastação causada pela “vaga de fundo” cuidadosamente planeada pelos nazis, que nessa noite custou a vida a várias pessoas e culminaria no Holocausto, o genocídio de seis milhões de judeus nos campos de concentração e extermínio.
Charlotte Knobloch tinha então seis anos e nessa noite esteve diante da sinagoga de Munique, à qual os nazis deitaram fogo, pela mão do pai.
“Tinha medo e naquela altura o futuro deixou de existir para mim”, disse a presidente do Conselho Central dos Judeus num livro que publicou anteriormente.
O que a deixou estarrecida, principalmente, foi ver as pessoas que assistiam aos actos de destruição e violência sem dizer uma palavra, contou ainda.
As hostilidades iniciaram-se na capital da Baviera, após um discurso de incitamento ao ódio racial proferido pelo ministro da propaganda do Terceiro Reich Joseph Goebbels.
No salão de festas da Câmara Municipal de Munique, vários funcionários do NSDAP, o partido nazi, festejavam nessa noite o golpe de Estado de Adolf Hilter a 9 de Novembro de 1923, em Munique, que fracassou e levou o dirigente nacional-socialista à prisão.
No discurso, Goebbels culpou os judeus pela morte do diplomata nazi Ernst von Rath, em Paris, na sequência de um atentado.
O ministro nazi louvou então os «pogroms» (actos de violência contra minorias étnicas, palavra com origem russa) iniciados «espontaneamente» nessa noite contra os judeus, em Kurhessen (Magdeburg-Anhalt), afirmando que o NSDAP não organizaria acções do género, mas também não as impediria.
Foi o sinal para a onda de violência contra os judeus em todo o país, orquestrada por membros das milícias nazis (SA) e da tropa de elite de Hittler (SS), à paisana, sob a capa de uma “vaga de fundo” da população.
Os «gauleiter» (governadores de província nazis) e chefes das SA entenderam as palavras de Goebbels como um incitamento à acção e deram ordens pelo telefone para iniciar as hostilidades.
Segundo os investigadores do Memorial do Holocausto, em Jerusalém, na noite de 9 para 10 de Novembro de 1938 foram então destruídas na Alemanha 1.500 Sinagogas e salas de culto judaicas.
Além disso, os nazis devastaram 7.500 lojas, apartamentos, associações e capelas de cemitérios judeus, no espaço de algumas horas.
Um relatório interno do NSDAP indicou, na altura, 91 mortos, mas o verdadeiro número de vítimas foi muito mais elevado, segundo vários historiadores, que cifram o número de vítimas mortais em cerca de 400 pessoas.
Nos dias seguintes, também foram assassinados centenas de judeus e, em pouco tempo, foram deportados 30 mil judeus para campos de concentração.
Na Câmara Municipal de Munique há uma placa em que se afirma que o regime nacional-socialista "utilizou abusivamente este local para planear crimes anti-semitas” e na qual se lembra que a chamada «Noite de Crista»l foi o prelúdio para o início do extermínio dos judeus na Europa.
1 comentário:
Que ninguém tenha dúvidas que a chamada “Noite de Cristal” foi o prelúdio para o extermínio dos judeus na Europa.
Mas andam por aqui alguns fanáticos ignorantes, que querem dar os factos, como simples utopias.
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