segunda-feira, novembro 03, 2008

Kabila canta de galo em relação a Nkunda
porque Angola já estacionou em Kinshasa

O governo da República Democrática do Congo (RDC) "lançou a guerra", ao recusar negociar directamente com os rebeldes do general Laurent Nkunda, declarou hoje Bertrand Bisimwa, porta-voz do movimento rebelde que está às portas de Goma (leste).

"Desejamos uma negociação directa com o governo", havia reclamado o general tutsi Laurent Nkunda no passado domingo em Kichanga (cerca de 80 quilómetros a noroeste de Goma). "Se nada for feito, nós vamos forçar a queda do governo", disse o chefe rebelde.

As forças rebeldes de Laurent Nkunda chegaram na quarta-feira passada às portas de Goma (capital da província do Kivu-Norte), depois da debandada das Forças Armadas da RDCongo (FARDC) daquela cidade. Logo de seguida, Laurent Nkunda anunciou um cessar-fogo unilateral "para evitar o pânico entre a população de Goma" e os deslocados que se encontram nos campos próximos da cidade.

No entanto, o governo congolês rejeitou o pedido dos rebeldes a pretexto de querer negociar com todos os grupos armados a operar na província de Kivu, e não somente com o Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), de Laurent Nkunda.

"Não há grandes e pequenos grupos armados. O facto de terem criado uma catástrofe humanitária não lhes assegura direitos especiais", respondeu o porta-voz do governo, Lambert Mende. Vários movimentos armados operam no leste da RDCongo - fronteira com o Ruanda, região rica em minerais -, desde o genocídio de 1994 no Ruanda.

O Kivu-Norte é palco de uma catástrofe humanitária, com mais de um milhão de deslocados, e começa agora a merecer a atenção da comunidade internacional.

Importa, contudo, perceber a razão que leva agora o presidente congolês, Joseph Kabila, a dizer que não quer negociar com Nkunda, contrariando a tese do seu homólogo do Ruanda, Paul Kagame, de que não haverá paz se o seu amigo general Laurent Nkunda não for ouvido como parte do problema e, necessariamente, da solução.

Joseph Kabila não acredita na capacidade do seu exército, e muito menos nas forças da ONU, para fazer frente a Nkunda. Acredita, contudo, na capacidade bélica do maior e melhor exército da região, o de Angola. E este, pela calada da noite e entre os devaneios de uma solução política sugerida pelos enviados de Paris e Londres, Bernard Kouchner e David Miliband, já começou a reforçar as forças que há algumas semanas mandara, pelo sim e pelo não, para Kinshasa.

As atenções internacionais, sejam dos europeus ou da ONU, centraram-se na região de Goma e, tal como a imprensa, esqueceram-se (creio que voluntariamente) de contar o que se passa na capital do país. E aí, nomeadamente em bases militares contíguas a Kinshasa, a língua oficial é o português das Forças Armadas de Angola.

E, portanto, o general Nkunda que se cuide. É que as FAA não são as FARDC. E quando resolveram actuar vão levar tudo à frente. Entretanto, Kabila que se cuide também. É que para se defender do lobo Nkunda, o presidente do Congo pediu ajuda ao leão angolano. E esse leão depois de derrotar o lobo vai comer o Kabila.

4 comentários:

Anónimo disse...

É uma vergonha nós angolanos estamos a apoiar no corrupto como Kabila filho e o Mobutu filho. Os dois estão no poder em Kishassa. JES e os seus generais violadores dos direitos humanos e corruptos irão ter uma supresa com Nkunda. As tropas de Nkunda estão motivadas e Nkunda tem mostrado não ser o bandido que lhe fizeram montar. Um general que parou ao entrar em portas de cidade é um general que sabe o que faz. Nkunda não é os generais da UNITA. A bem da nossa Angola é bom mesmo que JES leve surra. Me entristeço pelos nossos soldados que sem culpa vão morrer a toa pelas mãos de JES ditador corrupto.

ELCAlmeida disse...

Não sei se Angola já aceitou "entrar" no conflito.
penso que há roblmas demais internos que precisam de serem abafados.
Não foi em vão que surgiram, agora (inoportunamente?) as notícias sobre o envolvimento de generais nos diamantes.
Também, não será em vao que nas conversações qte têm os europeus por detrás Angola não surge no barulho mas já surge, por exemplo, o Burundi, o Quénia e a Tanzânia.
Talvez porque entre os europeus estão so Franceses (não esquecem o caso Angolgate e a crise que poderá criar no seio governamental e no Eliseu) e os britânicos (não esquecem que Angola foi - é - um dos principais aliados de Mugabe) pelo que estes dois querem ver os angolanos bem longe.
E isso seria difícil se já "estivessem" em Kinshasa...
Kandandu
Eugénio ALmeida

Anónimo disse...

Obviamente, apoiais as rebeliões armadas contra governos democraticamente constituídos, e as legiões de refugiaados e mortos, à boa maneira de Savimbi.

kwachas miseráveis.

José Pereira

Anónimo disse...

José Pereira voçe peca por ser partidario. Eu desgosto do MPLA e da UNITA, são farinha do mesmo saco. A situação no Congo não pode ser de visão partidarismo. E não creas que o Congo é democratico. E muito menos que esta a amezinar as carencias do povo. O filho de Kabila e o filho de Mobutu esses dois continuam bem ricos, tal qual a cupula de JES MPLA.

Eugénio Almeida, a sua visao parece logica e correctamente. Mas vejamos que ja antes o JES MPLA apoiou Mugabe e nas eleições de Setembro os Britain vieram bater palmas da fraude em Angola tendo as aceite como MPLA ganhador. A politica hoje em dia esta muito suja, tudo vai depender dos interesses. Mesmo o tribunal juizo em França vamos ver o que vai sair de la. A frança sempre deu apoio a FLEC, nao é segredo. O mundo esta muito sujo.