O presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, Francisco Fadul, defendeu hoje a intervenção de uma força multinacional no país e afirmou não acreditar na "teoria da tentativa de golpe de Estado".
"É necessária a intervenção de uma força multinacional militar, policial e administrativa na Guiné-Bissau para a manutenção da ordem, a pacificação social e a vigilância sobre o funcionamento dos órgãos do Estado", disse à agência Lusa este responsável, que está actualmente em Portugal.
Na sexta-feira reacendeu-se a violência na Guiné-Bissau, onde as forças de segurança mataram os ex-ministros Hélder Proença e Baciro Dabó, este último candidato à Presidência, por alegado envolvimento numa tentativa de golpe de Estado.
Para Francisco Fadul, "mais uma vez foi reconfirmado que o Estado se tornou um fiasco, falhou, não existe na prática porque não é capaz de zelar pelos interesses dos cidadãos, pela preservação da ordem mínima".
"Nem sequer tem eficácia para conter os usurpadores do poder ou os bandos armados que estão a actuar no país", disse Francisco Fadul, acrescentando que estes grupos são "autênticos esquadrões a soldo de chefes militares".
"Não se trata de bandos indefinidos, desconhecidos", reiterou, frisando não acreditar "na teoria da tentativa de golpe de Estado".
"É a falta de cultura histórica e política que os faz falar assim e tentar convencer as pessoas, pensando que os outros são um grupo de patetas. É clássico o que eles fizeram, em todos os totalitarismos aparecem sempre denúncias de golpe de Estado para permitir o abuso da autoridade, o excesso de poder em relação aos adversários políticos", declarou.
"Apresentam, como é tradicional, uma lista de suspeitos, de supostos implicados, e uma lista de objectivos a atingir pelos alegados golpistas", referiu, considerando que tudo não passa de "balelas, de armação política para justificar uma acção destruidora, completamente totalitária sobre os adversários políticos".
"O Estado não pode transformar-se em criminoso, se assim procede é porque está nas mãos de criminosos", afirmou.
Segundo Francisco Fadul, "como sempre acontece em África, quando acontecem estas barbaridades os possíveis responsáveis morais nunca estão no país".
"Como se o facto de estarem ausentes os ilibasse de responsabilidades", lamentou.
Nota: Qualquer, e são muitas, semelhança com o que tem sido escrito aqui no Alto Hama não é mesmo mera coincidência.
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