Gostei do que hoje se passou em Portugal. As ocidentais praias lusitanas deram um sinal de que, afinal, querem mudar. Só falta saber se nas legislativas se passará algo semelhante. Ou terá sido apenas uma reacção fátua?
Paulo Rangel levou o PSD a dobrar o cabo das tormentas, mostrando que o PS de José Sócrates é um mostrengo. Com a embalagem conseguida hoje, e se conseguir contrariar o hábito de dar tiros nos pés, o PSD poderá regressar em breve ao Governo.
Também Manuela Ferreira Leite sai vitoriosa. De defunta, ou pelo menos em estado vegetativo, a líder do PSD passou num só dia a potencial e real substituta de José Sócrates.
Também gostei de ver o CDS/PP eleger dois dos melhores deputados portugueses da actualidade, Nuno Melo e Diogo Feio. Não sei se Paulo Portas não vai sentir a sua falta no Parlamento nacional.
Além disso, Paulo Portas conseguiu levar o CDS de partido morto, autopsiado, cremado e enterradado a ter mais de 8%. Às vezes, esta foi uma delas, o trabalho compensa.
Ver Laurinda Alves liderar os mais pequenos, mesmo assim com mais de 50 mil votos, também foi agradável.
Gozo, gozo, foi ter assistido à primeira e última campanha de Vital Moreira pelo PS, bem como à derrota estrondosa de José Sócrates, o político que sempre julgou (e se calhar, apesar da derrota, continua a julgar) que é o dono verdade.
Perante esta cenário, que pode indiciar que nas legislativas o PS dirá não só adeus à maioria absoluta, como poderá mesmo perder, será curioso assistir ao reposicionamento de alguma da comunicação social portuguesa e que já hoje começou a ser equacionado.
Por alguma razão os donos dos critérios editoriais (tal como os donos dos donos) são nesta altura amigos do PS às segundas, quartas e sextas, do PSD às terças, quintas e sábados e, a partir de hoje, também aos domingos.
Foto: António Cotrim/Lusa
1 comentário:
Será que houve mudança mesmo? Será que Você que vive em Portugal há três décadas ainda não constatou o óbvio, que o CDS, o PSD e o PS não passam na verdade de três tendências da antiga União Nacional. Não vê que "grosso modo" estão lá os filhos e os netos dos senhores do antigo regime? O nome Rebelo de Sousa não lhe diz nada , e o Beleza, e o delfim de Caetano que começou no CDS e "acabou" no PS? Não chegam estas referências? E a discussão sobre a Europa que não existiu? Você viu algum debate sobre Portugal-Europa? Tive a triste ideia de assistir pela SIC ao debate dos cabeças de lista (apetece-me chamar-lhes antes cabeças de abóbora) do PSD e do PS e aquilo foi uma perfeita tolice. Para mim são todos Salazarentos (misto de salazaristas e bolorentos) tamanha é a petulância dos políticos portugueses e tamanhas são as suas limitações. É verdadeiramente preocupante a abstenção acima de 60 % o que mostra o desencanto de um povo que não se identifica nos candidatos a líderes. E é triste ver que os mesmos tiques de regime se manifestam igualmente em Angola com uma das filhas dilectas armada em mentora ideológica de jornalistas.
A mesma prepotência e petulância, mesmo que separadas por milhares de quilómetros.
Por este andar nem Portugal nem Angola terão conserto. Coitados dos respectivos povos que não parecem ter forças internas para a sua própria regeneração. Angola ainda tem uma desculpa, trinta anos de guerra fratricida destroiem qualquer país, mas Portugal! Ainda por cima não houve a desculpa da praia...
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