sábado, abril 24, 2010

Esperanças viradas para Angola e Líbia

O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, sabe bem quem o pode ajudar a pôr ordem numa casa onde poucos têm muito pão, e em que os que ralham nem sequer sabem se têm barriga.

Depois de ter ido a Angola e de lá ter mandado o ministro da Defesa, Sanhá enviou hoje um conselheiro à Líbia para informar Muhammar Khadafi sobre os acontecimentos no país.

E, goste-se ou não, o presidente guineense sabe que, no contexto dessa coisa aberrante (pela sua nula eficácia) que dá pelo nome de CPLP, só há um país capaz de agir: Angola. De todos os outros, com Portugal à cabeça, sabe-se que não agem, apenas reagem e quase sempre mal e tarde.

Para o bem e para o mal, Angola não se limita como os outros ineptos parceiros lusófonos, a constatar o óbito. Faz o que lhe for possível para salvar o doente.

Paralelamente, Sanhá sabe igualmente bem que o líder líbio, Muammar Khadafi, também não deixa os seus créditos por países alheios.

Ainda em Novembro do ano passado, enquanto Portugal cogitava longa e sonolentamente sobre a ajuda a dar à Guiné-Bissau, Khadafi ofereceu ao país quatro viaturas todo-o-terreno, 500 peças de fardamento, 250 pares de botas militares, fotocopiadoras, computadores e dois grupos geradores.

Apesar de os guineenses serem o mais mártir dos povo lusófonos, os líderes guineenses vão continuar a saborear várias refeições por dia, esquecendo que na mesma rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome.

Também em Bissau se pensa que é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. Mas não é. E, mesmo que famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.

E é exactamente para evitar passar pelo mesmo que Nino Vieira que Sanhá terá no país, muito em breve, militares angolanos e muito equipamento líbio.

Não creio que essa seja a solução. Mas os guineenses lá sabem. Os problemas poderão ficar em coma induzido, mas quando acordarem lá se vão voltar a ouvir as AK-47.

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