Se os deputados que o PS tem na Comissão Parlamentar de Inquérito à actuação do Governo português na tentativa de compra da TVI, tipo Ricardo Rodrigues, Manuel Seabra ou Osvaldo Castro, são os seus pesos-pesados, então não tardará que José Sócrates atire a toalha ao tapete.
Ricardo Rodrigues, que não permite protagonismos socialistas por camaradas alheios, também já avisou que o PS abandonará a Comissão de Inquérito se o procurador Marques Vidal, responsável pelo processo Face Oculta, for ali ouvido como pretende o PSD.
“Se alguma vez algum procurador de um processo vier ser ouvido nesta comissão ou entrarem aqui escutas, o PS abandona a Comissão Parlamentar de Inquérito”, afirmou também do alto da sua sabedoria (presumo que delegada) Ricardo Rodrigues.
Para o deputado socialista, “o PSD, ao pedir as escutas do processo Face Oculta, está a misturar o que é justiça e o que é política”.
“Estou aqui para avaliar responsabilidades políticas e não judiciais”, reforçou, concluindo que “esta comissão é o desprestígio completo da Assembleia da República”.
Cá para mim, o desprestígio completo da Assembleia da República tem, entre outros, um nome que começa a entrar nos anais do anedotário nacional, com ou sem sotaque: Ricardo Manuel de Amaral Rodrigues.
De facto, apesar de este Partido Socialista, representado por estes deputados, estar contra a chamada do procurador, o mesmo não se passou quando Souto Moura, o antecessor de Pinto Monteiro na Procuradoria, foi à Comissão de Inquérito do “Envelope 9″, em 2007.
O “Envelope 9″, recorde-se nomeadamente a estes socialistas, foi um escândalo associado ao processo “Casa Pia” quando foi descoberta a existência entre os documentos do processo sobre abuso de menores de uma listagem de facturações telefónicas detalhadas de vários titulares de órgãos de soberania, incluindo Jorge Sampaio, então Presidente da República.
Também Manuel Seabra expeliu fogo e ódio no ataque que, na Comissão de Ética (ainda por cima de Ética) do Parlamento português, no início de Março, dirigiu à jornalista Manuela Moura Guedes.
É um estilo que, tanto quanto parece, está a fazer escola neste PS sempre que alguém resolve contestar as teses do primeiro-ministro, qual dono e senhor a verdade no reino lusitano.
Manuel Seabra teve, aliás, o condão - como já aqui escrevi - de me trazer à memória (e esta coisa de ter memória é claramente um defeito de fabrico) o que em se passou no dia 9 de Junho de 2004, na lota de Matosinhos, quando Sousa Franco morreu de ataque cardíaco.
Já nessa altura, e se calhar há defeitos congénitos que nenhum tipo de cosmética altera, Manuel Seabra mostrava que não olha a meios para atingir os seus fins.
Também nessa altura já eram dirigentes socialistas José Sócrates, Vieira da Silva e Francisco Assis que, aliás, se mostraram-se perplexos com a agitação da campanha na lota de Matosinhos. Tão perplexos, digo eu, que Manuel Seabra até foi penalizado com o cargo de deputado...
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