Portugal é o próximo alvo dos mercados financeiros, está, como a Grécia, à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que a Argentina em 2001.
Quem assim fala não é Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Francisco Louçã ou Jerónimo de Sousa. É nada mais nada menos do que Simon Johnson, antigo economista chefe do Fundo Monetário Internacional.
No entanto, apesar de se falar de bancarrota, Portugal continua cantar e a rir para os 40% de potenciais pobres e 700 mil desempregados, tal como continua a achar um bom exemplo que os valores das remunerações referentes a 2009 pagas ao presidente executivo da EDP, António Mexia, atinjam 3,1 milhões de euros.
A tese de Simon Johnson resulta de uma análise realizada para o jornal norte-americano “New York Times”, intitulada "O próximo problema global: Portugal".
"O próximo no radar será Portugal. Este país escapou em grande medida às atenções, muito porque a espiral da Grécia desvaneceu. Mas ambos estão economicamente à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que Argentina parecia em 2001, quando entrou em incumprimento", diz a análise do economista, que é Professor no Massachusstts Institute of Technology.
Simon Johnson equiparou ainda o financiamento de Portugal a um esquema em pirâmide (como o utilizado pelo gestor norte-americano Bernard Maddof que lhe valeu a prisão perpétua).
O economista diz que Portugal, tal como a Grécia, em vez de abater os juros da sua dívida, tem refinanciado os pagamentos de juros todos os anos através de emissão de nova dívida, chegando mesmo ao ponto de dizer que "vai chegar a altura em que os mercados financeiros se vão recusar pura e simplesmente a financiar este esquema".
Em bom português, dir-se-á que quem for o último a sair que feche a porta (se ainda existir porta) e apague a luz (se ainda não tiver sido cortada). Nada mau.
"Os portugueses nem sequer estão a discutir cortes sérios. (…) Estão à espera e com a esperança de que possam crescer suficientemente para sair desta confusão, mas esse crescimento só pode chegar através de um espantoso crescimento económico a nível global", diz Simon Johnson que, certamente, se esqueceu de ouvir o contraditório de não menos insignes especialistas lusos, caso de Vítor Constâncio.
Simon Johnson considera ainda que "nem os líderes políticos gregos, nem os portugueses, estão preparados para realizar os cortes necessários", que o Governo português "pode apenas aguardar por vários anos de alto desemprego e políticas duras", e ainda que os políticos portugueses podem apenas "esperar que a situação piore, e então exigir também um plano de apoio".
Não é propriamente um grande elogio aos políticos portugueses que têm responsabilidades governativas. Mas esses não estão muito preocupados. Desde logo porque, com ou sem bancarrota, terão sempre um lugar “mexiânico” numa quaquer EDP, Galp ou Banco Central Europeu.
Sem comentários:
Enviar um comentário