quarta-feira, abril 14, 2010

Para os deputados portugueses há cidadãos de primeira (Guiné) e de segunda (Cabinda)

O estado de saúde do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineense, detido sem culpa formada desde o passado dia 1, preocupa os deputados portugueses, que hoje escreveram ao embaixador guineense em Lisboa e ao parlamento daquele país.

Gostei de saber. Não me recordo, contudo, de os deputados portugueses terem escrito ao embaixador angolano em Lisboa nem ao parlamento daquele país, manifestando preocupação com os vários activistas dos direitos humanos detidos em condições execráveis pelo regime do MPLA na sua colónia de Cabinda.

As cartas foram enviadas pelo deputado José Ribeiro e Castro (foto), presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento português, ao embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa, Constantino Lopes da Costa, e ao presidente da comissão homóloga da Assembleia Nacional Popular guineense.

"Face às notícias publicadas quanto à situação em que estarão o comandante Zamora Induta e o coronel Samba Djaló, é um assunto que nos preocupa muito", disse à Lusa o deputado Ribeiro e Castro.

É verdade que foram, são e serão, muito menos as notícias sobre o drama de Cabinda. Os jornalistas portugueses estão (quase) todos proibidos de falar do assunto. Mas mesmo assim, será que Ribeiro e Castro não ouviu falar, entre outros, de Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati ou de Jose Benjamin Fuca?

Não saberá Ribeiro e Castro que, até ao momento, os detidos não têm advogado de defesa, ou simplesmente defensor?

Não saberá que terão provavelmente um julgamento sumário, na sexta-feira, acusados que estão de propaganda hostil ao regime angolano ou de acções contra a segurança de Estado?

Não saberá que as detidos não têm as mínimas condições de vida, em muitos casos sendo obrigados a dormir no chão em celas minúsculas sem condições mínimas de salubridade?

1 comentário:

Amílcar Tavares disse...

Pois é! O Luiz Araújo da SOS Habitat está exilado em Portugal, teme pela sua vida se voltar à Angola.