sexta-feira, abril 16, 2010

Mansos não são as tias, são os portugueses

Ao que isto (isto significa Parlamento português) chegou. Vai chegando. É só esperar que novidades, gestuais (Manuel Pinho) ou verbais (Sócrates hoje no Parlamento), não vão faltar.

Recordo-me, por exemplo, de a primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde, em 9 de Dezembro de 2009, ficar marcada pela troca de ofensas entre Maria José Nogueira Pinto e Ricardo Gonçalves.

Uma observação do deputado Ricardo Gonçalves, professor de Filosofia eleito por Braga, motivou a irritação de Maria José Nogueira Pinto, que o apelidou de "palhaço".

"Não sabia que tinham contratado um palhaço" para a Comissão Parlamentar de Saúde, disse a deputada.

Em resposta, Ricardo Gonçalves teceu comentários sobre a troca de cor política por parte de Maria José Nogueira Pinto, coisa que – convenhamos – nunca existiu no PS... ao que parece.

“Não fiquei ofendido com a afirmação da deputada Maria José Nogueira Pinto. A senhora está sempre a mudar de partido. Vende-se por qualquer preço e chamar-me palhaço considero um elogio porque são muito importantes por esta altura do Natal”, disse Ricardo Gonçalves.

E se, na minha opinião, chamar palhaço a um deputado é grave, dizer que a deputada (“vende-se por qualquer preço”) é uma prostituta – mesmo que seja na versão “soft” de cariz intelectual – deveria merecer a expulsão.

A deputada do PS, Maria de Almeida Santos, defendeu que tratar um deputado como "palhaço" não era o mais correcto e a deputada do PSD respondeu com uma pergunta: “E esquizofrénico é?”

Maria José Nogueira Pinto referia-se à intervenção de Rui Prudêncio em que disse que a oposição tem “comportamentos esquizofrénicos”.

Se calhar, digo eu do alto da minha ingenuidade, os deputados desta coisa (coisa significa Parlamento português) apenas seguem os exemplos dos mais altos representantes poíticos que, no mesmo local, falaram de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice” e “política de fechadura”...

Noutro episódio da comédia, o deputado social-democrata português, Hugo Velosa, afirmou (6 de Maio de 2009) que o ministro da Economia (Manuel Pinho) “é um pândego”, respondendo ao socialista Jorge Seguro, que acusou o PSD de “ataque descabelado” ao presidente da AICEP.

A polémica entre o então cabeça-de-lista do PSD às eleições europeias, Paulo Rangel, o presidente da AICEP, Basílio Horta, e o ministro da Economia, a propósito dos programas para promover a mobilidade e o emprego dos jovens estendeu-se desta forma ao Parlamento.

Numa declaração política em plenário, o deputado socialista Jorge Seguro considerou legítimo que o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta, tenha considerado desnecessária a criação de um novo programa europeu proposta por Paulo Rangel.

No entender de Jorge Seguro, o presidente da AICEP “limitou-se a esclarecer a existência de um bom programa nacional” e o cabeça-de-lista social-democrata às europeias fez “um ataque descabelado” a Basílio Horta ao adverti-lo de que se arriscava “estar a violar o dever de isenção” dos quadros da Administração Pública.

Também em defesa do presidente da AICEP, o então ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou que Paulo Rangel “tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta”.

Por fim, hoje, José Sócrates não gostou de ouvir Francisco Louçã dizer que aos poucos o primeiro-ministro está a ficar mais manso. Vai daí, respondeu-lhe com toda a sua pureza: "Manso é a tua tia, pá!"

1 comentário:

Anónimo disse...

E a cereja no topo do bolo, "Portugueses são mansos" disse o ministro das finaças, o outro não gostou de ouvir, este diz que os palermas dos portugueses são mansos, não achma que isto já foi longe demais?